MONSENHOR WALDYR


Agradecimentos para elaboração desta página ào Monsenhor Waldyr Henrique Mancini, que nos cedeu parte dos textos e aos internautas amigos Fagner Márcio Batista da Silva, Gilson de Assis Nogueira e Dymas Mariano Martins, que se prontificaram a ajudar na digitalização das fotos.
             
  Vinícius Ferreira Batista - editor do Blog




“Como poderei retribuir ao senhor Deus por tudo aquilo que ele fez em meu favor?

“Elevo o cálice da minha Salvação, invocando o nome santo do Senhor”, 
este foi o Lema escolhido pelo jovem Padre Waldyr e que o norteia em toda a sua vida.
Padre Waldyr Henrique Mancini foi o nosso primeiro pároco, foi o padre que ficou mais tempo em nossa comunidade.
A então Paróquia de São Sebastião de Ingaí foi fundada no dia 20 de Janeiro do ano de 1999, foi a primeira paróquia criada por dom Waldemar Chaves de Araujo em nossa diocese de São João del-Rei.Assumiram a Paróquia naquela ocasião como pároco o Padre Waldyr Henrique Mancini e como vigário paroquial e administrador, o Padre Clayton Nogueira.
Antes da criação da Paróquia nossa igreja era comunidade filial à Paróquia Nossa Senhora do Carmo de Luminárias, cujo pároco desde o ano de 1957 era o Padre Waldyr.
O povo de Ingaí sempre pedia ao bispo da diocese e ao Padre Waldyr que nossa comunidade fosse elevada ao titulo de paróquia e com muito carinho padre Waldyr respondia: “Um dia chove na horta de vocês...”
E o tempo passou, e choveu na nossa horta... em 1999 veio a oficialização paroquial e ganhamos um vigário residente, Padre Clayton; porém durante os 42 anos, desde a posse do Padre Waldyr até a criação de nossa paróquia, ele atendeu pastoralmente sozinho a paróquia de Luminárias, a igreja de Ingaí, suas 5 capelas, além de atender também a capela do Palmital do Cervo por um longo período.Uma força missionária esplêndida, que merece o nosso reconhecimento e a nossa gratidão.Por isso criamos em nosso blog esta página especial e permanente, contando um pouco da fascinante história do Padre Waldyr.
As fotos e alguns textos foram retirados da revista comemorativa do Jubileu Áureo Sacerdotal do Monsenhor, comemorado no ano de 2006 na paróquia de Luminárias; outras fotos foram cedidas pelo amigo Gilson de Assis Nogueira e outras ainda são de arquivos pessoais de internautas do nosso blog...



“Deus enfeita o mundo com uma cortina de santidade, não importa quão escuro ele esteja. A obra de Monsenhor Waldir é parte desta cortina, tecida com fibras de amor e gratidão...”


O NASCIMENTO

OS PAIS DO PE. WALDYR
Era Setembro! Primavera, dia 27 do ano de 1928, as onze hora da manhã, Estamos na cidade de Três Corações.
No lar do Sr. Sebastião e de Dona Filomena chegava um menino.
Eu te saúdo criança, bem vinda seja, e quanta felicidade trouxe ao nosso lar!
Hoje é a esperança – amanhã a confiança.
Seus pais, Sr. Sebastião e D. Filomena escolheram o nome Waldyr!
Foi batizado no dia 15 de Novembro de 1929 pelo Monsenhor Fonseca, tendo como padrinhos os avôs Sr. Paulo Mancini e D. Francisca Andreza.

A INFÂNCIA

“Agora vale a alegria que se constrói dia a dia feita de canto e de pão”

A infância de Waldir se dividiu entre as brincadeiras de criança e as responsabilidades de filho mais velho, que ajudava a mãe nas tarefas de casa; Mauro, seu parceiro em tudo, Nedir, Neida, Nilce, Maria Inês, José Vicente, Margarida faleceu após o nascimento e a última filha de nome também Margarida.
Mauro deixava as tarefas mais difíceis para Waldir.
1935- fez a primeira comunhão ao lado da tia mais nova. Eles foram preparados por D. Filomena, mais conhecida por dona Chiquinha, ensinando lhes também as primeiras letras.
Foi um dia de festa! Desde então, Monsenhor Fonseca descobriu as aptidões do menino e preparava seus pais para encaminhá-lo ao seminário.
Waldyr fez seus primeiros estudos no Grupo Escolar Bueno Brandão, dirigido pelo Sr. Manoel Cipriano Franco da Rosa e depois por d. Olímpia de Brito.

O CHAMADO DE DEUS

“Ainda que o gesto me doa, não encolho a mão; avanço, levando um ramo de sol”.

Waldyr se torna coroinha de Monsenhor Fonseca. Muito disciplinado, assíduo e pontual era exemplo para os outros coroinhas: sabia ajudar a Missa, tilintar a campainha, balançar o turíbulo fumegante e o mais difícil, repicar os sinos.
Logo se tornou um dos preferidos do Monsenhor Fonseca e do sacristão Jaime.
Nesta época, Waldir encontrou um bom amigo, embora mais velho, já diácono, Padre Bueno um grande incentivador dos seus estudos e que mais tarde viria a ajudá-lo em Luminárias.
Waldyr gostava de confessar as irmãs atrás do espaldar das cadeiras, celebrar “Missas Secas” e dar Comunhão com rodelas de bananas.
Para fugir das aulas, Waldir inventava piedosas comunhões às primeiras sextas-feiras. Mas a severidade de D. Chiquinha mostrava-lhe bem cedo, o caminho da escola.

O SEMINÁRIO

“Tempo de amor vai chegar, a semente vai brotar. Vale a pena trabalhar”.

Quando completou 13 anos, Monsenhor Fonseca encaminha Waldyr para o Seminário Menor de Nossa Senhora das Dores em Campanha.
Por conta própria organizou tudo, até os papéis para que seus pais autorizassem sua ida para o Seminário.
Seu primeiro diretor espiritual foi Monsenhor José do Patrocínio Lefort. Seus reitores, Monsenhor Lucas Maia e Monsenhor Domingos Fonseca.
O regime do seminário era de internato total, disciplina rígida e estudos do curso secundário mais apertado ainda.
Revelando-se excelente ator. Encenou Sherlock Homes, Almas Sertanejas, Os dois sargentos e outras.Fez parte também do coro do seminário como tenor.
Os estudos se tornavam mais difíceis. E o menino rezava...rezava...muitas vezes, estudava com uma lanterna debaixo dos cobertores.
Contava à sua mãe as suas dificuldades, suas dúvidas. E sempre recebia dela palavras de incentivo para que pudesse alcançar o seu ideal que a cada dia se aproximava mais e mais.
No seminário, respirava ordem, disciplina e pontualidade, o que Waldyr sempre cultivou.
Nos recreios os meninos deveriam brincar sem muita conversa. Certo dia, no recreio após o almoço, dom Inocêncio estranha o silêncio. Sai à porta e o que vê; os meninos celebrando uma “missa seca”, uma solene pontifical. O celebrante era Joaquim Lino, o mais gordo dos seminaristas.Dom Inocêncio limitou se a dizer: “Sim Senhor!”
Padre Ivo, Padre Nelson e Padre Paulo foram seus grandes amigos. Waldyr foi merecedor da confiança de seus superiores, principalmente por possuir uma qualidade que seria a constante na plenitude do seu sacerdócio.; Servir.

SEMINÁRIO MAIOR

“Só quem sonha o azul do vôo sabe poder de pássaro”

Pe. Waldir com avião cinza


Vencendo as dificuldades, as indecisões, Waldir vai para o Seminário maior São José de Mariana, para os estudos de Filosofia e Teologia.
Mariana era cidade distante aonde só se chegava de trem de ferro. Seminário em estilo colonial moderno, abrigando mais de 130 seminaristas de várias dioceses.
Novos horizontes se abrem que na visão do mundo, que na visão dos homens, com seus desenganos, trabalhos, alegrias e esperanças. E em cima e acima de tudo, Deus na sua infinita providência, dirigindo o Universo.Confiante nesta providência Waldyr caminha para o sacerdócio, acompanhado das orações de sua mãe.
Vencendo as dificuldades, diz a ela: “Mãe, é espinhoso mais compensa”.
Em Mariana, fez parte da orquestra sinfônica regida por Monsenhor Joaquim Maia. Tocou para dois governadores, Núncio Apostólico e em Ouro Preto, para as visitas importantes de outros países àquela cidade.Estreou na orquestra, por ocasião do bi-centenário da morte de Mozart, seu compositor predileto.
“O Senhor é parte de minha herança e do meu cálice”.
1953- no dia 06 de dezembro, Waldyr recebe a Prima Tonsura - Mais uma vitória que o aproxima de seu ideal.
Em Três Corações, durante as férias, formou um coro, ensinando a Missa “De Angelis” em Latim.
Quarto ano de Teologia, quase Padre, faltava os retoques finais. O dom da oratória era acentuado e Waldyr foi escolhido para fazer o sermão do encontro na Semana Santa.Diante de 3 Bispos, dois seminários e conventos e diante do povo de Mariana, Waldyr gastou noites de vigília preparando e decorando o sermão.Foi um sucesso!
No final do 4º ano de Teologia enfrenta o apertado exame de Jurisdição, exame oral e escrito.
1956 – no dia 8 de dezembro é ungido sacerdote por dom Inocêncio Engelk – OFM, foi o último padre ordenado por ele.


COMEÇO DA EVANGELIZAÇÃO

“Venho armado de amor, para trabalhar cantando na construção do amanhã”
1956 – Primeira missa: dia 9 de dezembro na igreja de São Sebastião da Cotia, em Três Corações. “O cálice que segurei naquele momento em minhas mãos, revivia a atmosfera plena do mistério da Última Ceia.”
Celebrou o casamento de suas irmãs Neida e Nedyr.






AS  PARÓQUIAS

Igreja Matriz de NSra. do Carmo de Luminárias
“É preciso trabalhar todos os dias pela alegria geral e sair pelas ruas repartindo a mão cristalina, a fronte fraternal”.

O povo de Luminárias sempre pedia ao bispo dom Inocêncio um pároco, ao que o Sr. Bispo respondia: “O padre de vocês ainda está no olaria” .
Igreja velha de Luminárias
Igreja matriz de Ingaí no final da decada de 80
1956- No dia 12 de dezembro, o padre recém saído do olaria, recebia a provisão para pároco de Luminárias, por um ano, lugar que ele nem sábia onde ficava.Luminárias teve por pouco tempo um padre residente, Padre Ildefonso Béu; ao sair deixou a paróquia catequizada, porque até então era celebrada uma missa por mês.




CARTA DE PROVISÃO DA NOMEAÇÃO DE PADRE WALDYR À PARÓQUIA DE LUMINÁRIAS

MONSENHOR WALDYR O SACERDOTE

Por padre Luiz Augusto Furtado (Ti Guto).

O Homem de Deus. Nascido para celebrar os mistérios Divinos.O sacerdote, digno representante de Jesus Cristo na celebração eucarística.O homem do perdão, unindo os casais, batizando os filhos de Deus, ungindo os doentes.
Pregando a Santa Palavra de Deus, outro Cristo na igreja de Jesus Cristo, na igreja particular de São João Del-Rei, nas paróquias de Luminárias e Ingaí, sob a proteção de Nossa Senhora do Carmo e de São Sebastião.
Consagrado MONSENHOR WALDYR é o homem de Deus, o Pastor. Há mais de vinte e cinco anos o conheço com irmão, um pai, um mestre, um amigo das horas incertas.Um Samaritano a curar nossas feridas.Um Cirineu a nos ajudar a carregas nossas cruzes, um Pedro a nos firmar na Fé, Um João batista a profetizar a verdade.Um João a nos ensinar a importância do silêncio e permanecer  de pé nos momentos de calvário.
O homem da alegria. No exercício de seu ministério sacerdotal a marca predominante no seu coração de pai, pastor e amigo, será sempre a felicidade em servir a Deus e os irmãos.Por isso aprendi muito com o Monsenhor Waldyr desde os tempos de seminários- a amar a Deus na alegria, a servir os outros com alegria e a devoção passada a mim a Nossa Senhora do Carmo.
É difícil retribuir a deus tudo o que nos fez, mas tenho a certeza de que monsenhor Waldyr é um abençoado pelo Pai do Céu. nestes tempos de incertezas, questionamentos, o sacerdote Waldyr é um exemplo para nós na gratuidade de Deus em nos escolher para o ministério sacerdotal com as nossas fraquezas, pecados e imperfeições.

A PRIMEIRA MATRIZ

“Ninguém entra na vida de ninguém se não encontra a porta aberta. Se chegar faça o entrar.”

Primitiva imagem da padroeira
A igrejinha branca, no alto da montanha, abria suas portas para tão ilustre pessoa. E o povo estava feliz!”
Devoto de Nossa Senhora se emocionou vendo que entrava na casa de Nossa Senhora do Carmo.
O novo vigário foi recebido pelo Prefeito Salvador Ferreira Diniz, autoridades, Congregação Mariana, Apostolado da Oração, Vicentinos e pela bandinha de meninos, regida pelo Mestre Sinhô.
Quem deu posse ao Vigário foi o padre caçador, Padre Francisco Leopoldino com esta recomendação:
- trabalhar durante a semana e caçar no sábado e domingo.
-Mas o pessoal que vem da roça, vou deixar sem confissão? Pergunta o novo padre.
-Estes já estão no céu, seu sacrifício em vir a pé e descalços lhes garante o perdão, responde o Padre Caçador.





10 DE FEVEREIRO DE 1957

“Teus ouvidos escutarão uma palavra atrás de ti: Este é o caminho, segue-o”.

Um domingo de chuva forte – 10 de fevereiro de 1957.
O jovem sacerdote Waldyr que sonhava com aviões, partia para uma grande jornada, ponto de aterrissagem: uma montanha onde o sol põe luz nas gotinhas de água que permanecem nas plantas.
Faixas e arcos de bambu enfeitavam as ruas molhadas pela chuva. Foguetes anunciavam uma grande festa.

 COMEÇO DE SUA EVANGELIZAÇÃO

“Muitos são os caminhos, porém outras tantas, as escolhas. Cabe a cada homem a iniciativa de trilhar o seu caminho. Cabe a cada um de nós, a coragem de assumir a própria escolha”.

E Padre Waldyr assumiu a sua: ficaria em Luminárias.
O primeiro a visitá-lo foi o Sr. Tuca, mais tarde seu amigo e colaborador na Escola Professor Fábregas.
Encontrou 22 coroinhas que o ajudaram muito e supervisionados pelo zeloso sacristão Se. Tote.

MENSAGEM DE UM EX COROINHA

Caríssimo Padre Waldyr,

Com muita naturalidade me aproximo rapidamente dos 60 anos. mas foi com surpresa que tomei conhecimento da comemoração do seu Jubileu Sacerdotal.para mim o senhor teria hoje, pouco mais de 30 anos de idade.Pois, caro padre Waldyr, ainda ontem, nós o estávamos recebendo em Luminárias, os coroinhas que lhe deixou de herança o Padre Ildefonso.E como fomos logo contagiados com o seu entusiasmo e sua energia empreendedora.E ainda com a sensação de que o tempo, se não parou, deveria ter para o senhor.Permita-me lembrar-lhe pequenos fatos que marcaram a nossa infância.Todos sob seu olhar, sua orientação ou reprovação, quando necessária.Desculpe-me, mas eles estão vindo de “enxurrada’.
Ajudar a missa em latim, atravessar a nado o ribeirão, façanha tão relevante quanto à de César atravessando o Rubicom; baldear pela Rua da Raia a areia branquinha do pé da serra para o presépio; buscar frangos na fazenda Papagaio para a festa (isso foi difícil... como pesavam aqueles frangos no girau!); fazer de conta que ajudávamos na obra de construção da casa paroquial; soltar centenas de foguetes nas festas sem nenhum acidente (Alguém olhava por nós); repicar o sino; levar bronca do Sô Tote; “puxar” o terço da noite na Matriz (depois de Jerônimo, o Herói do Sertão) e cá entre nós, padre, que ninguém nos ouça: fechas as portas da igreja e armados de potentes estilingues – o senhor com uma espingarda de chumbinho lembra? – “espantar” o grande numero de andorinhas que teimavam freqüentar as missas sem convite, eventualmente “premiando” a cabeça dos fiéis – acho que só daqueles que não se confessavam.E a procura, madrugada adentro e de debaixo de chuva torrencial, pelo coroinha que sumiu durante a Missa do Galo?
E o seu esforço e determinação na busca de vocações sacerdotais, conseguindo em pouco tempo encaminhar, fato inédito em Luminárias, cinco meninos ao seminário? E o senhor lembra como acompanhava o desenvolvimento deles, com o carinho de um pai?
Posso Afirmar-lhe que nenhum de nós esqueceu a chegada para as primeiras férias, quando tivemos nosso momento de glória, ao sermos recebidos com banda de música e foguetes na porta da igreja. Meu Deus como éramos importantes.
Tínhamos à nossa disposição genuflexórios ao lado do altar, lugar até então reservado apenas ao sacristão.
 Padre Waldyr, - perdoe-me, não consigo chama - lo de Monsenhor, lamento ser um dos que frustraram a sua vontade de ter formado um padre dentre aqueles primeiros coroinhas, mas lhe afirmo que a sua dedicação e o carinho marcaram indelevelmente nossas vidas e se exemplo fez de todos nós homens íntegros e dignos, independentemente da missão que Deus reservou a cada um de nós.
E sendo verdade o seu Jubileu, faço meu abraço, o abraço de todos aqueles que tiveram o privilégio de conviver com o senhor naquela infância feliz em Luminárias.
Obrigado por tudo que nos ensinou. Que Deus continue protegendo-o de todos os males que esse imenso coração pulse fortemente, “ad multos annos”.

Fernando Furtado Barreto – ex coroinha do Monsenhor Waldyr

                                                            E FOI ASSIM...                                                              

PRAÇA DE INGAÍ NA DECADA DE 50
O começo foi difícil, padre novo, assumiu a paróquia sem estágio, problemas de adaptação, a casa paroquial muito velha, que ficava às escuras muito cedo- a solidão assustava.
1957- no dia 11 de fevereiro, fez quatro batizados e no dia 13 fez dois casamentos.
A paróquia tinha uma comissão formada por alguns senhores que se encarregavam das festas, em fim, dos movimentos paroquiais. Seu desprendimento, nada exigia. Mas, pressionado pela comissão que achava que a paróquia necessitava de uma referência, iniciou se a construção da nova casa paroquial.
Para construírem a nova casa a antiga foi vendida e o padre morou algum tempo na sacristia, até que uma noite, o sino tocou sozinho, quando Padre Waldyr estava sem sono, preocupado com seus problemas.Assustado, cria coragem, com uma lanterna sobe as escadas da torre.Que alivio!Era uma tábua que caiu e esbarrou no sino. Depois disto, Sr. Tucá e D. Zilda o convidaram para morar com eles.
Padre Waldyr organizou o Coro Paroquial e iniciou a catequese promovendo encontro de paróquias. Gostava de celebrar nos pontos mais altos do município: pico do Gavião, a Torre enviando bênçãos de Deus à maior distância possível.
1960 – primeiro de março, entrou na nova casa paroquial de Luminárias.
Neste ano celebrou a primeira semana santa com luz de motor da prefeitura
15 de julho, primeira Missa voltada para o povo.
06 de Novembro – a nova diocese de São João Del rei foi criada.
O bispo de Campanha, querendo segurar o pároco, transferiu o para São bento Abade.
Quase que aconteceu uma revolta, mas no Núncio Apostólico, sabendo do expediente usado, mandou que os padres voltassem às suas paróquias. Usava a batina branca pela primeira vez, ganhou tantos abraços que a batina ficou amarelada...
1964 – Na festa de NSra. do Carmo, abençoa a Usina Professor João Franzem de Lima, um marco na vida de Luminárias.
1964- No dia 20 de julho, usou o vernáculo (idioma Português), nos ofícios por ordem do Bispo.
Com o prefeito Salvador, realizou trabalho conjunto paróquia e prefeitura, para a reforma e ampliação do cemitério e mais recentemente nova ampliação, a gora em conjunto com o prefeito Cristiano.


                                                          EVANGELIZAÇÃO E CULTURA                                      

“investir em conhecimentos rende sempre os melhores juros”

Sr. Tuca Maia
Padre Waldyr começou como professor na Escola Municipal Francisco Diniz, introduzindo aulas de boas maneiras, comemorações das datas civis e os desfiles de 7 de setembro.
Foi incansável em suas viagens à Belo Horizonte com o Senhor Salvador, Dr. Hélio Andrade, João Gangerê e o Clece para a criação de um ginásio em Luminárias.
Com o apoio do prefeito Clece R.Diniz inicia missas na zona rural, com as festas, leilões, oportunidades de confissão, primeira comunhão e as solenes formaturas do Mobral marcando a integração da comunidade rural com as atividades do município.
Sua participação no ACISO (Ação cívico Social) do 11º RI de São |João Del rei foi tão valiosa que mereceu do General uma condecoração.
Apoiou o prefeito na criação do pré-escolar e ainda cedeu uma das salas do ginásio para o seu funcionamento.
Para a reforma da Matriz, Monsenhor Waldyr iniciou a campanha na zona rural, tornando se um homem do campo, manipulando as sementes, conversando com elas, como um verdadeiro bandeirante. Os frutos amadurecidos enriqueceram a nossa história pelo exemplo e pela participação.
1966 – 26 de janeiro tomou posse como diretor do ginásio Estadual Professor Fábregas em Luminárias. Estava mos num período de transição de governo.Magalhães Pinto criara a escola, Israel Pinheiro não consentia no seu funcionamento.Após transpor inúmeras dificuldades para o funcionamento, Padre Waldyr e Sr. Tuca Maia faziam as matrículas e convocavam os primeiros professores.
1969 – a primeira formatura –uma noite de grande emoção! Mais uma vez Padre Waldyr dizia: “Como retribuirei ao Senhor?”

Pe. Waldyr e os vicentinos
Padre Waldyr é vicentino, membro da Sociedade São Vicente de Paula desde sua infância em Três Corações; foi inspetor Municipal e professor nas duas escolas de Luminárias, reformou as duas igrejas daquela cidade, a Igreja velha e a Matriz, comemorou os duzentos anos da igreja velha, sempre incentivou o asfalto para Luminárias e participou da inauguração.


EM INGAI... 



Naquele tempo, não havia a mobilidade que se tem hoje; as estradas eram de terra, a população rural era muito superior à urbana...Tudo era mais dificil, mas mesmo asssim Padre Waldyr não se cansava.

Atendia a Paróquia de Luminárias, a comunidade de Ingaí, suas 5 capelas, além de atender também o povoado de Palmital do Cervo.

Uma vez por ano ele trazia o bispo para nos visitar, uma vez por mês celebrava em nossa igreja Matriz uma missa, além de celebrar também mensalmente nas capelas de Paulo Freitas, Campestre e Vista Alegre, depois vieram as capelas da Bocaina e do Jaguara que também passaram a ter suas missas mensais.


Celebrava festas em honra de Nossa Senhora e no mês de Junho a tradicional festa da fogueira ia crescendo...

No Final da década de 80, a igreja Matriz de São Sebastião de Ingaí estava muito desgastada pelos cruéis efeitos do tempo; o templo parece que iria, literalmente cair na cabeça dos fiéis e mais uma vez; Padre Waldyr mostrou a que veio e em uma brilhante campanha, junto ào prefeito Murilo Pinto de Andrade reformou o nossa Matriz.Coisa de primeiro mundo, um estilo de pintura importado do exterior, novo telhado de zinco, novos bancos, nova escada para a torre e para o coro.As antigas estruturas de madeira, tanto as escadarias do campanário quanto a dos telhados, que estavam tomadas por cupins foram substituídas por novas, de metal.Em 1992 a reforma foi concluída.
Igreja de Ingaí após reforma em 1992

 


Padre Waldyr também participou da construção de quatro capelas da nossa paróquia, as da Vista Alegre, Campestre, Bocaina e Jaguara; além de ter restaurado a imponente capela de Santa Catarina de Alexandria da Estação de Paulo Freitas.



Em 1999, a comunidade de São sebastião de Ingaí se tornou Paróquia, a primeira criada por dom Waldemar Chaves de Arujo na Diocese de São João del Rei e Padre Waldyr foi designado como primeiro pároco ao lado de Padre Clayton Nogueira, o Vigário paroquial, cargo que ocuparam até o ano de 2002 quando entregou a paróquia ao, então padre, Janilto.
Monsenhor Waldir no dia da posse do Pe. Luís
Mesmo depois de se tornar, como bem disse dom Waldemar, nosso "Pároco Emerito" ele permanesse caminhando junto da Paróquia de Ingaí e muitas vezes está presente celebrando em nossa comunidade.Sempre com sua alegria incomparavel ...


Monsenhor Waldyr em comemoração no asilo de Ingaí este ano



                               CURSOS E VIAGENS À OUTROS PAÍSES                                                      

Em seu currículo constam os cursos de Filosofia na Faculdade Dom Bosco em São João Del rei, onde recebeu habilitação em Psicologia, História e Estudos sociais, no UNINCOR em Três Corações formou – se em Pedagogia o que lhe conferiu registro em Administração Escolar.

Em 1980 viajou a Israel, esteve em Fátima, Londres e em 1998 teve a felicidade de celebrar no vaticano onde fez uma leitura em Português. Em 2001 mais uma vez visitou o Exterior, viajando à Portugal.




                                                     E CHEGA O TÃO MERECIDO REPOUSO...                                  

Ultima missa como pároco de Luminárias


Em 2002, no dia 03 de março Padre Jésus Cristiano Arantes tomou posse como vigário paroquial de Luminárias. Dois meses depois em uma atitude de desprendimento Padre Waldyr entregou a paróquia nas mãos de Padre Jésus e no mesmo dia é nomeado Vigário paroquial.
dia que recebeu o titulo de Monsenhor






                                         A HOMENAGEM DO PAPA, O TÍTULO DE MONSENHOR                       




Monsenhores da diocese de SJDR

Em 11 de fevereiro de 2003 recebeu do papa o titulo de Monsenhor.
Sua devoção a nossa Senhora do Carmo se tornou um símbolo com o seu famoso: “VIVA ELA!!!





ENTREVISTA

Monsenhor Waldir, na ocasião de seu Jubileu áureo sacerdotal em entrevista falou sobre sua devoção à Virgem do Carmo, das mudanças que ocorreram na sua vida e na Igreja e em Luminárias nesses 50 anos.

SOBRE O PADRE WALDYR DE 50 ANOS ATRÁS, ELE ASSIM SE DEFINIU...

O inicio de meu ministério foi marcado por um fato interessante. Entre a chegada da Provisão(nomeação)em fins de dezembro de 1956 e minha posse em fevereiro de 1957,a diocese da Campanha celebrou os 50 anos da vida sacerdotal de dom Inocêncio Engelk, o então bispo diocesano.

Dia 31 de Janeiro de 1957 a diocese se encontrou na sede, Campanha. Representações de cada Paróquia com seu padroeiro.Podem calcular minha aflição: sem ter tomado posse e já me sentia pároco, porque ia conhecer a imagem da futura paróquia e alguns futuros paroquianos.Aconteceu! Lá estava a imagem de Nossa Senhora do Carmo em seu andor carregado pelos visitantes.
Foi marcante o encontro, aquele PRIMEIRO CONTATO. 50 missas foram celebradas ao mesmo tempo na Catedral.(nem havia “concelebração”) Meu altar foi na entrada, à direita. Que maravilha experimentei: como sempre ELA, Nossa Senhora ao lado... A MÃE... ( que presunção da mina parte!) perdoem-me, mas assim vi nossa MÃE que veio a  mim...Ela não me esperou...Só Mãe faz isso...Olhem o SERVIÇO DE MARIA... bem perto, meus primeiros paroquianos participam da primeira missa de seu pároco.
Foi maravilhoso o PRIMEIRO ENCONTRO!
Depois veio a POSSE. Foi um domingo chuvoso de fevereiro de 1957.Estradas barrentas, nosso carro agarrou por isso atrasou a chegada.O povo aguardava ao lado da igreja velha e lá estava a bandinha infantil com o Maestro Sinhô.
Subimos até a Praça da Matriz Nova. Houve boas vindas, discursos, lá fomos Igreja adentro, tudo novidade.
Somente o Helio Magalhães, amigo e conterrâneo, preparou minha chegada com outros seus companheiros. No altar, esperava-me o Pe. Francisco Leopoldino, de São Vicente de Minas, nomeado pelo Bispo para dar posse ao novo pároco.
Ofereci a Deus e a Nossa Senhora do Carmo meu Ministério que estava nascendo ali.
Sem luz, somente na igreja e na Casa Paroquial, que o nosso amigo Tuca oferecia. Possuía um gerador.Era pra sua Farmácia e para nós.À noite havia a “REZA”. Missa só podia na parte da manhã. Rezávamos e cantávamos a ladainha de Nossa Senhora.Explicava o Catecismo e ensinava os cânticos.Ministrava os Sacramentos: batismo, unções, Eucaristia.Procissões, terços cantados, visitava paroquianos.Vira uma família, o Padre era ouvido.Mas não usava DIALOGAR.O padre sabia mesmo era SACRAMENTAR.E como sabia!
Mas vai melhorar!


E O MONSENHOR DE AGORA?

Não demorou e começaram a surgir os primeiros sinais de mudança.
A imprensa falada, escrita, orientações diocesanas, revistas especializadas, boletins informativos, tudo ia sendo assimilado para receber a nova caminhada Pós Concílio.
O padre: passei a usar batina branca; usei depois uma espécie de guarda-pó e finalmente usava a batina só dentro da igreja ou para os ofícios.
Os leigos passaram a ler na igreja; as mulheres também começaram a ter sua vez; nossas catequistas lideravam as Missas recitadas, depois vieram as missas explicadas. Já podiam permanecer ao lado do altar.Mas somente os coroinhas respondiam a Missa.
Finalmente, a chamada Liturgia da Palavra de hoje pode ser lida toda em português e também pelas mulheres. A ORAÇÃO EUCARÍSTICA AINDA TODA REZADA EM LATIM.Mais um pouco de tempo e ficaram somente as Palavras da Consagração e que posteriormente também caiu e a missa ficou toda em Português.
A primeira missa rezada totalmente voltada para o povo teve de ensaiar, treinar bem com as catequistas. A mesa foi colocada entre a mesa da comunhão e os bancos dos fiéis; bem perto deles.
Também o batismo foi bem orientado, estudado em vernáculo.
Foi nesse ponto que se iniciaram as primeiras atitudes e sinais que a EVANGELIZAÇÃO estava entrando e sendo passada aos fiéis. Com ela as pastorais e movimentos, tudo ia para melhor!O Padre agora se sentia mais Pastor, mais missionário, mais perto do povo, falando o que o povo entendia e rezava com o povo.
Os sacramentos continuavam a ser ministrados, mas com Evangelização.
A FACE DA IGREJA FICOU MAIS BONITA!
As lembranças do início do meu Ministério irão ficar; sem saudosismo, tanto assim que guardei de lembrança o que restou de minha primeira condução na paróquia: um Jeep; não carro, mas um animal.
Relíquias: as esporas usadas nas viagens na área rural. Valeu!Houve um bonito crescimento “ralando no lombo” de minha condução, meu CAVALO, chamado Jipe.


COMO O SENHOR VÊ A CAMINHADA DA IGREJA NESTES 50 ANOS?

Aí alcançamos o âmago da situação!
Minha caminhada aconteceu antes, durante e depois do CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II, Estava em pleno exercício de minha caminhada quando o CONCÍLIO foi celebrado. Digo que aceitei bem as reformas e mudanças, embora sabendo que isso ia gerar transtornos, desafios, desestabilização, questionamentos.
Mas teria que enfrentar o DESAFIO.
Paulo VI disse que “O CONCILIO” viria para RESTAURAR A FACE ESPIRITUAL HUMANA DESTA INSTITUIÇÃO MISTERIOSA E VISÍVEL CHAMADA IGREJA”.
Se o objetivo era esse, nós, seus filhos, tínhamos é que “por as mãos no arado”...
Não foi fácil – nem para mim, nem para os fiéis; estávamos mais acostumados aos “Hosanas” do Domingo de Ramos do que as asperezas da Sexta feira Santa. Mas o Espírito Santo entrou com todas sua Força e Luzes.O “Chefe” também ajudou.Aí contamos ainda com um outro apoio, esperado e prometido, lembram-se? É a ajuda da MÃE, a MÃE SERVIÇO! A Virgem do Carmo – sempre ELA – aparece e se junta a nós naqueles momentos mais duvidosos e escuros.
Por isso nunca me julguei “paradão” e nem omisso.
Nosso povo e eu fizemos o que sabíamos fazer para o REINO. Nossa caminhada valeu!Acho que não foi em vão nosso trabalho. Trabalhamos alegres, com todas as nossas limitações e deformidades.
Mas vieram também as justas preocupações. Percebi que as forças já não eram as mesmas.Os fiéis queriam MAIS.Os joelhos funcionaram em orações.Foi quando sinalizei ao Senhor Bispo a sinceridade de minhas duvidas.Ele permitiu que auscultasse os futuros presbíteros.E o primeiro auscultado, meio desconfiado, aceitou.é o Padre Jésus Cristiano Arantes.Aí meu Salmo 115, 12-13 entrou em ação! Só tinha motivos mais que justos para AGRADECER A DEUS o consentimento do colega para assumir à frente da Paróquia e eu me prontifiquei a ajudá-lo.Então desde 2003, são duas caminhadas – “a do Padre Novo e a do Padre Velho” – jocosamente brincam nossos paroquianos.
Não podia ser melhor! Se foi bom para mim que desde então tenho um adequado REFERENCIAL para minha vida sacerdotal, sempre trabalhei sozinho, está sendo bom para a igreja e para Luminárias. Disse o PE. Jésus em seu editorial do informativo da paróquia que “fazia um olhar para o futuro, e pedia a Deus que concedesse a ele a graça de poder um dia celebrar 50 anos de vida sacerdotal como o Monsenhor”...
Como ele, também acredito na caminhada da nossa igreja, mas ainda de nossa querida paróquia de Luminárias.

“A gratidão é a memória do coração”


“Não há velhice para o sacerdote. Se a 50 anos do “Eis - me aqui”, pronunciado no dia da ordenação sacerdotal, as forças do corpo vão lentamente se enfraquecendo, o mesmo, porém, não acontece com outra força, a interior.” – João Paulo II