NESTA PÁGINA ESTÃO POSTADAS AS GRANDES MATÉRIAS PUBLICADAS ENTRE OS DIAS 10 E 15 DE CADA MÊS COM ESTE TÍTULO E TAMBÉM AS OUTRAS COBERTURAS COM GRANDE NUMERO DE FOTOS REALIZADAS PELO NOSSO BLOG E QUE NÃO ESTEJAM EM SEÇÃO ESPECIAL.

Servo de Deus João Paulo I 263º papa |
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João Paulo I | |
HVMILITAS | |
Nome de nascimento | Albino Luciani Tancon |
Nascimento | Canale d'Agordo, Itália, 17 de outubro de 1912 |
Eleição | 26 de agosto de 1978 |
Entronização | 3 de Setembro de 1978 |
Fim do pontificado | 28 de setembro de 1978 (33 dias) |
Morte | 28 de setembro de 1978 (65 anos) |
Antecessor | Paulo VI |
Sucessor | João Paulo II |
Listas dos papas: cronológica · alfabética | |
Foi o primeiro Papa desde Clemente V a recusar uma coroação formal, cerimónia não oficialmente abolida, ficando a cargo do eleito escolher como quer iniciar seu pontificado. Contudo, desde então, os papas eleitos têm optado por uma cerimônia de "início do pontificado", com a respectiva entronização e o juramento de fidelidade. Não aceitava ser carregado em uma liteira como os outros papas, por uma questão de humildade. Também foi pioneiro ao adoptar um nome papal duplo.
Antes de ser Papa, Luciani foi Patriarca de Veneza e não tinha ambição alguma, nunca tendo sonhado em ser papa. Foi o primeiro papa a nascer no século XX. Seu nome papal duplo foi uma homenagem a seu antecessor Paulo VI, e ao antecessor deste, João XXIII.
Trajetória e eleição para o papado
Albino Luciani nasceu na província de Belluno, norte da Itália. Seu nome de batismo fora uma homenagem a um amigo da família, que morrera numa explosão em uma mina de carvão na Alemanha. De origem humilde, viu seu pai, chamado Giovanni, que era socialista, ser inúmeras vezes forçado a buscar trabalho em outros países, por ocasião da Primeira Guerra Mundial. Sua mãe, Bertola, católica fervorosa, incentivou-o a seguir a formação religiosa. No que foi bem sucedida: Albino foi ordenado padre em 1935, assumindo a posição paroquial que tanto desejara [1].Embora, segundo consta, não nutrisse maiores ambições, foi nomeado bispo por João XXIII e cardeal por Paulo VI, com o título de São Marcos. Esteve presente no Concílio Vaticano II, convocado em 1962 por João XXIII. Albino Luciani era o Patriarca de Veneza quando, com 65 anos, foi eleito Papa em 26 de agosto de 1978, na terceira votação do conclave que se seguiu à morte do Papa Paulo VI, superando o cardeal "ultraconservador" Giuseppe Siri - favorito ao trono de São Pedro, de acordo com a imprensa - por 99 votos a 11. Segundo conta-se, a princípio, um atônito Luciani teria declinado de aceitar o pontificado, mas fora persuadido do contrário pelo cardeal holandês Johannes Willebrands, que estava sentado a seu lado na Capela Sistina. Para isso, ter-lhe-ia dito: "Coragem. O Senhor dá o fardo, mas também a força para carregá-lo".
Escolheu o nome de João Paulo (Ioannes Paulus, pela grafia em latim) para homenagear seus antecessores, João XXIII e Paulo VI. Morreu na madrugada de 28 de Setembro de 1978, entre 23h 30 min e 4h 30min da manhã, no Palácio Apostólico do Vaticano. Na época do conclave, o cardeal britânico Basil Hume, um de seus eleitores, chamou João Paulo I de "o candidato de Deus". A figura de João Paulo I na Igreja Católica sempre foi a de um papa afável, tendo, por isso, recebido a alcunha de "O Papa Sorriso".
Reza uma lenda que João Paulo I teria feito uma premonição sobre sua morte, ao afirmar a conhecidos que "alguém mais forte que eu, e que merece estar neste lugar, estava sentado à minha frente durante o conclave". Um cardeal presente na ocasião – que preferiu escudar-se no anonimato – confirmou que esse homem era, de fato, o polaco Karol Wojtyla. "Ele virá, porque eu me vou", prosseguiu o "Papa Breve". Curiosamente, Wojtyla realmente votara em Luciani naquele conclave e logo depois veio a se tornar João Paulo II. Por outro lado, o que há de concreto é que João Paulo I teria falado da sua morte um dia antes dela ao Bispo John Magee [2].
Brasão e lema
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Brasão do Papa João Paulo I. |
- Descrição: Escudo eclesiástico. Campo de blau, com um monte de seis cômoros de argente, à italiana, sobreposto por três estrelas de cinco pontas de jalde, postas: 1 e 2. Em chefe as armas patriarcais de São Marcos de Veneza, que são de argente com um leão alado e nimbado, passante ao natural, sustentando um livro aberto que traz a legenda: PAX TIBI MARCE EVANGELISTA MEVS, em letras de sable. O escudo está assente em tarja branca. O conjunto pousado sobre duas chaves decussadas, a primeira de jalde e a segunda de argente, atadas por um cordão de goles, com seus pingentes. Timbre: a tiara papal de argente com três coroas de jalde. Sob o escudo, um listel de blau com o mote: HVMILITAS, em letras de jalde. Quando são postos suportes, estes são dois anjos de carnação, sustentando cada um, na mão livre, uma cruz trevolada tripla, de jalde.
- Interpretação: O escudo obedece às regras heráldicas para os eclesiásticos. O campo de blau representa o firmamento celeste e ainda o manto de Nossa Senhora, sendo que este esmalte significa: justiça, serenidade, fortaleza, boa fama e nobreza. O monte é uma homenagem ao seu predecessor, o Papa Paulo VI, da família Montini, e ainda uma referência ao seu local de nascimento: Canale d'Agordo, nas montanhas Dolomitas, a cerca de mil metros acima do nível do mar, sendo de argente (prata) traduz: inocência, castidade, pureza e eloqüência. As três estrelas representam as virtudes teologais: fé, esperança e caridade, sendo de jalde (ouro) simbolizam: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio. O chefe com as armas do Patriarcado de Veneza relembra o tempo feliz que o pontífice passou como seu patriarca e é ainda uma homenagem ao Papa João XXIII; sendo que a expressão "ao natural" é um recurso para se colocar o leão, naturalmente dourado sobre o campo de argente (prata), sem ferir as leis da heráldica. Os elementos externos do brasão expressam a jurisdição suprema do papa. As duas chaves "decussadas", uma de jalde (ouro) e a outra de argente (prata) são símbolos do poder espiritual e do poder temporal. E são uma referência do poder máximo do Sucessor de Pedro , relatado no Evangelho de São Mateus, que narra que Nosso Senhor Jesus Cristo disse a Pedro: "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra, será desligado no céu" (Mt 16, 19). Por conseguinte, as chaves são o símbolo típico do poder dado por Cristo a São Pedro e aos seus sucessores. A tiara papal usada como timbre, recorda, por sua simbologia, os três poderes papais: de Ordem, Jurisdição e Magistério, e sua unidade na mesma pessoa. No listel o lema HVMILITAS (Humildade), é uma expressão da personalidade do papa Luciani.
Morte
Embora João Paulo I tenha sido encontrado morto por uma freira que trabalhava para ele e o acordava havia muitos anos, a versão oficial divulgada pelo Vaticano, contudo, diz que o corpo de João Paulo I teria sido encontrado pelo padre Diego Lorenzi, um de seus secretários, enunciando a morte como "possivelmente associada com enfarte do miocárdio". Para alguns, João Paulo I teria sido vítima das terríveis pressões características de seu cargo, e que não as tendo suportado, veio a perecer. A citada freira, após a morte deste, fez voto de silêncio [3].Outra hipótese levantada foi a de que o Papa "Sorriso de Deus" teria sido vítima de embolia pulmonar. De qualquer maneira, sua morte provocou enorme consternação entre os católicos; mesmo sob chuva torrencial, a Praça de São Pedro esteve totalmente lotada quando de seus serviços funerais. Em sua homenagem, seu sucessor adotaria seu nome papal ao ser eleito, em 16 de outubro de 1978.
Encontro com a Irmã Lúcia
A revista italiana 30 Giorni revela, com base em declarações de um dos quatro irmãos de João Paulo I, que a Irmã Lúcia, durante a visita que o então Patriarca de Veneza lhe fez no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, sempre o tratou por "Santo Padre". O Cardeal Luciani fica impressionado e pergunta: "Porquê?", ao que a Irmã responde: "Vossa Eminência um dia será eleito Papa". E ele disse: "Sabe-se lá, irmã…", e a Irmã retorquiu: "Será sim, mas o seu pontificado será muito breve".A HISTÓRIA DOS CEMITÉRIOS NO BRASIL
No século XIX eram muitos os problemas graves e urgentes enfrentados pelas cidades. O aspecto sanitário era um deles, como a precariedade dos hospitais, a não existência de cemitérios, os enterros, as prisões, etc.Naquele tempo era costume se enterrar os mortos nas igrejas. Mas isso apresentava graves inconvenientes sanitários, sobretudo nas cidades onde a população crescia e assim diminuía a oferta disponível de sepulturas.
Nas igrejas, nos conventos e nas capelas particulares, sepultavam-se os mortos da nobreza rural e da burguesia urbana. Não se usava caixões e o defunto era envolto numa mortalha e conduzido em uma padiola. Havia dois horários para os enterros, pela manhã e à tarde, e durante esses horários diariamente as igrejas tocavam os sinos com o dobre continuado e monótono de finados, o que provocava mal estar e reclamação da população,
Também no século passado, os recifences adotavam extenso e espalhafatoso cerimonial nos sepultamentos. Era costume enterros à noite, unicamente porque esse horário possibilitava uma encenação bem mais dramática do que seria possível de dia. O objetivo maior desse ritual era chamar atenção dos vivos para a riqueza do morto. Quanto mais rico o defunto, mais aparato e fausto. O enterro era feito em forma de procissão, tudo em meio a tochas e archotes acessos e os acompanhantes faziam recitações em voz alta. Nunca se via um enterro de dia, porque a noite permitia uma grande ostentação.
Mas essa ostentação não tinha nada a ver com os aspectos sanitários dos enterros, pois os mortos eram colocados em catacumbas dentro das igrejas, as quais na maioria das vezes só era fechada dias depois. Não havia também,prazo determinado para se ficar com o defunto em casa e assim era comum que os mortos exalassem muito mau cheiro. As vezes os defuntos chegavam a tal estado de decomposição que dos corpos "dos cadáveres escorriam líquidos corrompidos que vão caindo por todo o caminho".
Apesar dos grandes males sanitários que os sepultamentos nas igrejas provocavam , o preconceito para enterrar mortos em cemitérios construídos só para tal fim, era muito grande, tanto entre a população como entre os religiosos.
As paredes das sepulturas das igrejas não apresentavam dimensões adequadas à vedação completa das catacumbas, o que deixava passar sempre o mau cheiro e as pessoas não podiam ficar muito tempo nos templos. As irmandades religiosas eram apontadas como as principais causadoras desse mal e os vizinhos das igrejas eram os que mais sofriam.
Se fosse em época de alguma epidemia, quando o número de mortos era maior, sepultava-se um ou dois corpos na mesma catacumba ou retiravam-se os corpos antes que passasse o tempo necessário para decomposição do cadáver.
As catacumbas deixavam passar assim um mau cheiro infecto "que pode influir bastante sobre a saúde pública, além do que nem sempre são fechados logo... e os cadáveres passam toda a noite expostos ao ar, já estando em um ponto elevadíssimo de putrefação e mais ainda... depois de abertas para receberem outros cadáveres", reclamava o médico Joaquim de Aquino Fonseca.
O mau cheiro era tão terrível que as vezes famílias que iam muito cedo a missa, não podiam nem entrar na igreja!
O defunto era conduzido no caixão envolto em uma mortalha e transferido 'sem caixão' diretamente para a sepultura. A população usava caixões alugados que serviam a enormes quantidades de corpos e "nem mesmo quem o vai buscar lembra-se que pode trazer para sua casa um germem destruidor, porque pode muito ter ele servido a algum indivíduo morto de afecção contagiosa e daí, desenvolver-se a mesma infecção nos indivíduos da família. Esses caixões de aluguel, são forrados de panos, neles passam corpos muitas horas em estado avançado de corrupção, de sorte que é impossível que todos esses panos não se achem impregnados dos líquidos corruptos provenientes dos cadáveres... ninguém indaga se o caixão que aluga serviu na véspera, a algum morto de varíola ou de qualquer epidemia".
As próprias irmandades religiosas é que se encarregavam do aluguel dos caixões. Havia muitas delas, de brancos, de negros, de mulatos e pardos.
As sepulturas, além do mais, estragavam muito as igrejas, sobretudo em tempos de surtos epidêmicos, quando se acendiam fogueiras dentro delas. Destruíam os pisos, os retábulos, as talhas de madeira, as pinturas dos tetos e as imagens.
A questão do mau cheiro, além do incômodo que causava, era, levada muito mais a sério, era uma questão comprometedora e assustadora, pois até o século XIX a própria medicina considerava que a principal fonte de contágio de doenças ocorria através do ar, o qual disseminava as emanações provenientes do solo e da água por toda parte. Essas emanações, esses cheiros, eram chamados de miasmas, era a teoria da origem miasmática das doenças epidêmicas, que era universalmente reconhecida e aceita por todos os médicos. O ar era assim, o principal propagador das doenças. O mau cheiro era assim, uma terrível ameaça.
A construção de cemitérios públicos no século XIX era inovação urbana recente. Consequência do surgimento da cidade industrial, que acelerou a urbanização de forma descontrolada. Repentinamente os gestores da higiene e da salubridade públicas tiveram que medicalizar as cidades e promover a remodelação do espaço urbano.
Vale a pena lembrar que a palavra cemitério, em sua origem latina, designava a parte exterior da igreja, isto é, o adro ou atrium, que é a área externa na frente da igreja. Primitivamente, o próprio conceito de igreja era também muito mais abrangente e igreja significava não só seu interior mas, todos os espaços ao redor. Pouco a pouco esse conceito de igreja-cemitério como coisa única, foi se modificando e na segunda metade do século XIX esses dois conceitos já significavam construções diferentes.
O surgimento dos cemitérios foi consequência direta da insalubridade das cidades: "a individualização do cadáver, do caixão e do túmulo aparece no final do século XIII, não por razões religiosas de respeito ao cadáver, mas por razões político sanitárias de respeito aos vivos. Para que os vivos estejam ao abrigo da influência nefasta dos mortos... Não era uma idéia cristã, mas médica, política".
Mesmo depois de construídos cemitérios, havia ainda um problema de preconceito e discriminação com que não era católico. Nas igrejas só eram sepultados os católicos.
Quando em 1802 faleceu no Recife o inglês Daniel Savage, enterraram-no, por ordem do presidente da província, no fosso da Fortaleza do Brum.
Mesmo depois da assinatura do tratado de Abertura dos Portos em 1808 não havia lugares "decentes" para se enterrar estrangeiros e só em 1811 foram determinados terrenos para servir de cemitério aos estrangeiros no Rio de Janeiro e na Bahia. Em Pernambuco, o terreno para um Cemitério dos Ingleses foi escolhido em 1814, pelo presidente da província, no lugar chamado Santo Amaro. Assim é que, este Cemitério, construído para servir de cemitério, foi o primeiro do Recife.
Só na década de 1850 é que se construiu um cemitério público para os pernambucanos. Há algumas dúvidas quanto a autoria do projeto dele. Se é do engenheiro francês Louis Léger Vauthier ou do engenheiro pernambucano José Mamede Alves Ferreira. Em 1851 iniciam-se as obras para construí-lo, e sua inauguração ocorre no dia 1º de março. Foi chamado de cemitério do Senhor Bom Jesus da Redenção de Santo Amaro.
Alguns historiadores de arte referem que este campo santo ,com seu paisagismo geometrizado, com linhas radiais e sessões poligonais, têm uma concepção que garantiu o predomínio da paisagem sobre o túmulo.
Este cemitério pernambucano foi o 1º de todo Império, e comparava-se aos melhores da Europa. Com o passar do tempo, o Campo Santo de Santo Amaro transforma-se até em lugar de encontros chiques das dondocas recifenses.
Mas não foi fácil a população aceitar o cemitério. A epidemia de febre amarela que se iniciou em 1849 e estendeu-se por alguns provocou o uso sistemático do mesmo. Depois, em 1856, com a epidemia do Cólera Morbus, que chegou a matar mais de 100 pessoas por dia, no Recife o cemitério foi definitivamente incorporado à vida dos pernambucanos.
Fonte: www.ars.com.br/projetos/ibrasil/1999
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Igreja de São Francisco e cemitério em São João del Rei |



Também em São João del Rei, como em todas as grandes cidades católicas, era comum que os religiosos fossem sepultados dentro das igrejas.
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Catedral do Pillar onde em seu interior está sepultado dom Delfim |
Nosso primeiro bispo diocesano, dom Delfim Ribeiro Guedes, que morreu em maio de 1985 teve seu corpo sepultado no interior da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pillar.
Outro caso mais recente de um sacerdote que morreu e foi sepultado em um local diferente de um cemitério foi o Padre Israel Batista de Carvalho, que trabalhava como vigário na Paróquia Sant'Ana de Lavras e faleceu em 2011; ele foi sepultado na Fazenda Senhor Jesus, uma Casa de Recuperação por ele fundada.Alguns meses depois de seu sepultamento a paróquia construíu uma capela para abrigar sua sepultura.





O Espaço é bem pequeno, aproximadamente umas 2 quadras de futsal.
Com esses dados da pra se imaginar o quanto, infelizmente, "a casa dos mortos" da nossa cidade está defazada e nessecitada de ajuda.Uma ampliação do cemitério é mais que urgente.

A obra de ampliação do cemitério já foi iniciada, uma outra area do lado do cemitério antigo já foi cercada por um muro, muito bem construído por sinal, no tempo que a Paróquia era administrada pelo então padre Janilto e pelo Padre Odair José, mas depois nada mais foi feito.O mato tomou conta do local que segue inutilizado para seu devido fim.

Também é bem provavel que a area onde funcionava o Destacamento de Polícia da cidade seja reaproveitada em beneficio do cemitério, onde seria, segundo fontes de dentro da igreja, construído o velorio Municipal, porém não conseguimos confirmar esta hipotese.
Percebe-se como sempre foi, que a solidariedade do povo de Deus, católicos ou não de Ingaí e região, seria a provavel solução para o nosso abandonado cemitério.Lembremos que um dia, cedo ou tarde, muitos de nós, quase todos seremos levados para aquele local.
Texto e fotos: professor Vinícius Ferreira de Miranda
Concílio Vaticano II
O objetivo do Concílio é discutir a acção da Igreja nos tempos actuais, ou seja, a sua finalidade é "promover o incremento da fé católica e uma saudável renovação dos costumes do povo cristão, e adaptar a disciplina eclesiástica às condições do nosso tempo" e do mundo moderno.[9] Por outras palavras, o Concílio pretende o aggiornamento (actualização e abertura) da Igreja.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.II Concílio do Vaticano | |
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Data | 11 de outubro de 1962 – 8 de dezembro de 1965 |
Aceito por | Igreja Católica |
Concílio anterior | Vaticano I |
Concílio seguinte | — |
Convocado por | Papa João XXIII |
Presidido por | Papa João XXIII, Papa Paulo VI |
Afluência | cerca de 2 540[1] |
Tópicos de discussão | O aggiornamento e a ação da Igreja nos tempos actuais |
Documentos |
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Todos os Concílios Ecuménicos Católicos | |
Portal do Cristianismo |
Nestas quatro sessões, mais de 2 000 Prelados convocados de todo o planeta discutiram e regulamentaram vários temas da Igreja Católica. As suas decisões estão expressas nas 4 constituições, 9 decretos e 3 declarações elaboradas e aprovadas pelo Concílio.[1] Apesar da sua boa intenção em tentar actualizar a Igreja, os resultados deste Concílio, para alguns estudiosos, ainda não foram totalmente entendidos nos dias de hoje, enfrentando por isso vários problemas que perduram. Para muitos estudiosos, é esperado que os jovens teólogos dessa época, que participaram do Concílio, salvaguardem a sua natureza; depois de João XXIII, todos os Papas que o sucederam até Bento XVI, inclusive, participaram do Concílio ou como Padres conciliares (ou prelados) ou como consultores teológicos (ou peritos).[3][4]
Em 1995, o Papa João Paulo II classificou o Concílio Vaticano II como "um momento de reflexão global da Igreja sobre si mesma e sobre as suas relações com o mundo". Ele acrescentou também que esta "reflexão global" impelia a Igreja "a uma fidelidade cada vez maior ao seu Senhor. Mas o impulso vinha também das grandes mudanças do mundo contemporâneo, que, como “sinais dos tempos”, exigiam ser decifradas à luz da Palavra de Deus".[5]
No ano 2000, João Paulo II disse ainda que: "o Concílio Vaticano II constituiu uma dádiva do Espírito à sua Igreja. É por este motivo que permanece como um evento fundamental não só para compreender a história da Igreja no fim do século mas também, e sobretudo, para verificar a presença permanente do Ressuscitado ao lado da sua Esposa no meio das vicissitudes do mundo. Mediante a Assembleia conciliar, [...] pôde-se constatar que o património de dois mil anos de fé se conservou na sua originalidade autêntica".[6]

Os concílios, que são reuniões de dignidades eclesiásticas e de teólogos, são um esforço comum da Igreja, ou parte da Igreja, para a sua própria preservação e defesa, ou guarda e clareza da Fé e da doutrina. No caso do Concílio Vaticano II, a necessidade de defesa se fez de modo universal, porque as situações contemporâneas de proporções globais abalaram a Igreja. Isto fez com que a autoridade universal da Igreja, na pessoa do Papa, se encontra persuadida a convocar um concílio universal ou ecumênico. A força do Concílio não reside nos bispos ou em outros eclesiásticos, mas sim no Papa, como pastor universal que declara algo como sendo próprio das Verdades reveladas (e, por isso, implica a obediência dos católicos). Fora disso, o Concílio tem apenas poder sinodal. Porém, quando o concílio está em comunhão com o Papa, e se o Papa falasse solenemente (ex cathedra) de matérias relacionadas com a fé e a moral, o episcopado plenamente reunido torna-se também infalível.[7]
Antecedentes históricos
Papa São Pio X, o grande adversário do Modernismo.
Por outro lado, floresceram também na Igreja tentativas de adaptação ao mundo moderno, através, como por exemplo, da "atitude de vários leigos católicos no campo político e social" (destaca-se Frédéric Antoine Ozanam, fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo); da publicação da encíclica Rerum Novarum (1890) pelo Papa Leão XIII (1878-1903), que defendia os direitos dos trabalhadores; da criação da Acção Católica (1922) pelo Papa Pio XI (1922-1939); e da perda gradual de popularidade da Escolástica e do consequente aparecimento da Nouvelle Theologie (que é diferente do modernismo). Este movimento teológico do início do século XX, que é apoiado por alguns sectores eclesiásticos, defendia principalmente "a valorização da leitura das Sagradas Escrituras" (que foi também um dos temas da encíclica Divino afflante Spiritu do Papa Pio XII) e uma "volta às fontes", através do estudo da Bíblia e das obras patrísticas. Os defensores mais ilustres da Nouvelle Theologie foram os progressistas Karl Rahner, John Courtney Murray, Yves Congar, Joseph Ratzinger e Henri de Lubac. Teilhard de Chardin e Jacques Maritain também defenderam uma maior abertura da Igreja.[1]
Ao mesmo tempo, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Cúria Romana "encontrava-se em franco processo de estagnação" e vários dos seus elementos mais tradicionais condenaram as novas tendências teológicas mais progressistas. Em 1950, o Papa Pio XII, na sua encíclica Humani Generis, chegou mesmo a alertar para os possíveis desvios "neo-modernistas" da Nouvelle Theologie. Enquanto que tudo isso aconteça, os bispos de todo o mundo tiveram que enfrentar novos problemas originados por drásticas mudanças políticas, sociais, económicas e tecnológico-científicas. É neste ambiente paradoxal, quer ao nível interno quer ao nível externo da Igreja, que muitos católicos sentiram a necessidade de a Igreja encontrar uma nova postura para enfrentar o mundo moderno.[1]
E é também neste ambiente que o Papa João XXIII sentiu a necessidade urgente de convocar o Concílio Vaticano II. Aliás, "a idéia de um Concílio já havia sido pensada por Pio XI e mesmo por Pio XII, mas sem grandes sucessos em sua realização". João XXIII, "temendo um novo desastre, como foi o da Reforma Protestante", decidiu realizar este Concílio a todo o custo. Esta sua intenção foi anunciada por ele no dia 25 de janeiro de 1959, causando uma grande surpresa dentro da Cúria Romana e até dentro da Igreja Católica. Em Junho de 1960, através do motu proprio Superno Dei nutu, teve oficialmente início a preparação do Concílio. Passado apenas um ano, no Natal de 1961, João XXIII convocou oficialmente o Concílio para o ano seguinte (1962), através da bula papal "Humanae salutis". Esta convocação era "uma decisão totalmente pessoal do Papa, contrariando as opiniões de alguns cardeais, que pretendiam seu adiamento, em vista de uma melhor preparação".[1]
Influência de Pio XII
Segundo o Papa Bento XVI, depois das Sagradas Escrituras, o Papa Pio XII é o autor ou fonte autorizada mais citada nos documentos do Concílio Vaticano II. Bento XVI considera que não é possível entender o Concílio Vaticano II sem levar em conta o magistério de Pio XII. (…) A herança do magistério de Pio XII foi recolhida pelo Concílio Vaticano II e proposta às gerações cristãs posteriores.[8]Nas intervenções orais e escritas se encontram mais de mil referências ao magistério de Pio XII e o seu nome aparece mencionado em mais de duzentas notas explicativas dos documentos do Concílio, estas notas com freqüência constituem autênticas partes integrantes dos textos conciliares; não só oferecem justificativas de apoio para o que afirma o texto, mas também oferecem uma chave de interpretação, disse o Papa Bento XVI no discurso que dirigiu aos participantes do congresso sobre "A herança do magistério de Pio XII e o Concílio Vaticano II", promovido pelas universidades pontifícias Gregoriana e Lateranense, no 50º aniversário da morte de Pio XII (2008).[8]
Como por exemplo, os conceitos e as ideias expressas na encíclica Mystici Corporis Christi (1943), do Papa Pio XII, influenciaram fortemente a redacção da constituição dogmática Lumen Gentium, que trata da natureza e da constituição da Igreja. Este documento do Concílio Vaticano II usou e defendeu o conceito de Igreja expresso nesta encíclica (a Igreja como Corpo místico de Cristo), que era baseado na velha teologia de São Paulo.
Objetivos
O Beato João XXIII foi o Papa que convocou o Concílio Vaticano II.

Por esta razão, ao contrário dos concílios ecuménicos anteriores, preocupados mais em condenar heresias e em definir verdades de fé e de moral, o Concílio Vaticano II "teve como orientação fundamental a procura de um papel mais participativo para a fé católica na sociedade, com atenção para os problemas sociais e econômicos".[11] Aliás, o próprio Papa João XXIII teve o cuidado de mencionar a diferença e a especificidade deste Concílio: "a Igreja sempre se opôs a [...] erros; muitas vezes até os condenou com a maior severidade. Agora, porém, a esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia do que o da severidade. Julga satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a validez da sua doutrina do que renovando condenações".[12]
Logo, o Concílio não visava condenar heresias nem proclamar nenhum dogma novo.[10][13] O Concílio apenas queria dar uma nova orientação pastoral à Igreja e uma nova forma de apresentar e explicar os dogmas católicos ao mundo moderno, mas sempre fiel à Tradição.[14] O próprio Papa João XXIII afirmou que "o que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz".[15] Para satisfazer esta sua intenção, o Papa queria ardentemente que a Igreja mudasse de mentalidade, para poder melhor enfrentar e acompanhar as transformações do mundo moderno.[16]
Pelas palavras da constituição Sacrosanctum Concilium, o "Concílio propõe-se fomentar a vida cristã entre os fiéis, adaptar melhor às necessidades do nosso tempo as instituições susceptíveis de mudança, promover tudo o que pode ajudar à união de todos os crentes em Cristo, e fortalecer o que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja".[17]
Inauguração e número de participantes

Pela primeira vez na História, "os peritos [...] foram ouvidos na elaboração dos textos conciliares, trazendo consigo uma imensa riqueza de tradições e culturas". Estes peritos, que não tinham direito a voto, são também chamados de consultores teológicos e tinham uma grande influência no Concílio.[1] Várias dezenas de observadores protestantes e ortodoxos também foram convidados e estiveram presentes nas 4 sessões do Concílio.[3]
De acordo com Giacomo Martina, os padres conciliares "se organizavam em torno de duas alas" (conservadora e progressista), sendo que os progressistas contam com cerca de 90% dos votos. A minoria conservadora era essencialmente constituída "pela velha-guarda italiana (Ottaviani, Ruffini, Siri…)", por Marcel Lefebvre, por um grupo de espanhóis (entre os quais o cardeal Larraona) e "por vários latino-americanos, representantes de escolas teológicas de certo prestígio, especialmente na Espanha". A maioria progressista era essencialmente "constituída por um grupo da Europa central e do Norte (a que pertenciam os cardeais Frings, Dopfner, Alfrink, König, Suenens, Liénart e Bea)", por Montini, por Léger, pelo Patriarca Melquita Máximos IV, pelos bispos africanos e asiáticos e por "uma grande maioria dos bispos latino-americanos e dos Estados Unidos". Mas, mesmo assim, os progressistas tiveram que, por diversas vezes, fazer várias concessões aos conservadores, tornando por isso os documentos conciliares menos radicais.[1]
resultados e respectivos documentos

Foi clarificada a relação entre a Revelação divina e a Tradição e foi também impulsionada a liberdade religiosa, uma nova abordagem ao mundo moderno, o ecumenismo, uma relação de tolerância com os não-cristãos e o apostolado dos leigos.
O Concílio Vaticano II não proclamou nenhum dogma, mas as suas orientações doutrinais, pastorais e práticas são de extrema importância para a Igreja actual.
Igreja
O tema da Igreja, nos seus aspectos dogmáticos e pastorais, mereceram uma grande atenção dos padres conciliares, ou seja, dos participantes-eleitores do Concílio Vaticano II.Eclesiologia: Lumen Gentium
A partir de então, a Igreja passou a ser vista não apenas como uma instituição hierarquizada, mas também como uma comunidade de cristãos espalhados por todo o mundo e constituintes do Corpo Místico de Cristo. Por isso, a constituição e "as estruturas da Igreja modificaram-se parcialmente e abriu-se espaço para maior participação e apostolado dos leigos, incluindo as mulheres, na vida eclesial". O clarificou também a igual dignidade de todos os católicos (clérigos ou leigos). Mas, mesmo assim, a estrutura da Cúria Romana permaneceu intacta, o que permite ainda um governo da Igreja centralizado nas mãos do Papa.[11]
Pastoral: Gaudium et spes
Mas, este documento centra sobretudo a sua atenção nos aspectos pastorais e não-dogmáticos da Igreja e nos diversos problemas do mundo actual: "a explosão demográfica, as injustiças sociais entre classes e entre povos e o perigo da guerra nuclear", entre outros problemas sociais e económicos. Esta constituição também mostrou uma maior abertura da Igreja para os progressos científicos.[20]
Bispos, presbíteros, leigos e consagrados
- os Bispos, cuja função e ministério pastoral foi abordado pelo decreto "Christus Dominus", que foi aprovado no dia 28 de outubro de 1965. Este documento enfatizou também "a "communio" povo-hierarquia já expressa na Lumen gentium".
- os presbíteros, cujo "ministério e vida sacerdotal" foram abordados pelo decreto "Presbyterorum ordinis", que foi aprovado no dia 7 de dezembro de 1965. Este documento insiste no "serviço que, no próprio tempo e nos ambientes particulares, deve ser realizado por todo presbítero". Nesta sua análise, superou inclusivamente "os aspectos hierárquicos para destacar antes o "corpo real" de Cristo, sacerdote e servo no mistério da Eucaristia", que é celebrada na Missa. A formação sacerdotal dos presbíteros é tratado especialmente pelo decreto "Optatum totius".
- os leigos, cujo apostolado é analisado pelo decreto "Apostolicam actuositatem", que foi aprovado em 18 de novembro de 1965. Este documento "reconhece o papel essencial que cabe aos leigos na vida da Igreja, a sua responsabilidade e autonomia em função de sua vocação específica".
- os consagrados e a vida consagrada em geral, cujas renovações estão expressas no decreto "Perfectae charitatis", que foi aprovado em 28 de outubro de 1965. Este documento "dirige a sua atenção para a renovação e modernização da "vida consagrada" a Deus no exercício dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza, obediência, estabelecida por meio dos votos "em ordens", "congregações religiosas" e "institutos seculares"".[20]
Igrejas Orientais Católicas
Este documento afirma que, "na única Igreja de Cristo" (que subsiste na Igreja Católica), as Igrejas Latina e Orientais "…desfrutam de igual dignidade… nenhuma prevalece sobre a outra… são confiadas ao governo pastoral do Pontífice Romano". O decreto defende também que estas Igrejas orientais podem e devem salvaguardar, conservar e restaurar o seu rico património espiritual, nomeadamente ritual, através, como por exemplo, da celebração dos seus próprios ritos litúrgicos orientais e das suas práticas rituais antigas.
O documento salienta também o carácter autónomo das Igrejas orientais católicas, especificando os seus vários poderes e privilégios. Em particular, como por exemplo, afirma que os Patriarcas Orientais, "com os seus sínodos, constituem a instância suprema para todos os assuntos do Patriarcado, não excluído o direito de constituir novas eparquias e de nomear Bispos do seu rito dentro dos limites do território patriarcal, salvo o direito inalienável do Romano Pontífice de intervir em cada caso. O que foi dito dos Patriarcas vale também, de acordo com as normas do direito, para os Arcebispos maiores, que presidem a toda uma Igreja particular ou rito sui juris".[21] Mas, é preciso também salientar o facto de nem todas as Igrejas orientais serem Patriarcados ou Arquidioceses maiores.[20]
Revelação divina e Tradição
Liturgia
Logo, o pretende renovar a Liturgia, para que "todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e activa participação nas celebrações litúrgicas", visto que esta participação é, "por força do Baptismo, um direito e um dever do povo cristão, «raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido» (1 Ped. 2,9; cfr. 2, 4-5)".[22] Entre outras reformas introduzidas na Liturgia, destaca-se obviamente a reorganização da Missa de rito romano, e o consequente uso da língua vernacular na sua celebração.[11][20]
Liberdade e direitos humanos
Relação com os não-cristãos e Ecumenismo
Este espírito de abertura a outras comunidades religiosas está também presente no decreto "Unitatis redintegratio", que foi aprovado no dia 21 de novembro de 1964. Este documento é sobre o ecumenismo e "fundamenta-se em duas idéias : todo aquele que acredita em Cristo, mesmo que não pertença à Igreja Católica, encontra-se em algum tipo de comunhão" com a verdadeira Igreja de Cristo (que subsiste na Igreja Católica); e "não existe ecumenismo verdadeiro sem uma conversão interior que se aplica a todos, inclusive à Igreja Católica".[20] Actualmente, a Igreja Católica ensina que os cristãos não-católicos são, apesar de um modo imperfeito, membros inseparáveis do Corpo Místico de Cristo (ou seja, da Igreja Católica), através do Baptismo. Eles dispõem também de muitos, mas não da totalidade, dos elementos de santificação e de verdade necessárias à salvação.[24]
Educação e formação sacerdotal
A declaração "Gravissimum educationis" foi aprovado no dia 28 de outubro de 1965 e, basicamente, tratou dos vários temas sobre a educação e, mais em particular, sobre a educação cristã. O documento exprimiu a necessidade de a actuação da Igreja nesta área tão importante "não se restringir às escolas católicas". Defendeu também "o direito de todos os homens a receber uma educação que seja fundamentada na dignidade da pessoa".O decreto "Optatum totius", igualmente aprovado em 28 de Outubro de 1965, aborda um tipo específico de educação cristã: a formação sacerdotal, que é extremamente importante, principalmente para o aggiornamento. Este documento "insiste na necessidade de maior amadurecimento humano, psicológico e afetivo dos candidatos ao sacerdócio e da estruturação da formação nos seminários vinculando a missão da Igreja às exigências do mundo moderno".[20]
Missionação e comunicação social
O decreto "Ad gentes", que foi aprovado em 7 de dezembro de 1965, "reflete sobre a atividade missionária da Igreja, atitude inerente à sua natureza. A atividade missionária deve começar com o testemunho, continuar com a pregação e formar as comunidades valorizando as riquezas de cada cultura. Isto para, entre outras coisas, "ressaltar a afirmação de que a fé católica não se vincula diretamente a nenhuma expressão cultural em particular, mas deve adequar-se às diversas culturas dos povos aos quais a mensagem evangélica é transmitida".[11]O decreto "Inter mirifica", que foi aprovado em 4 de dezembro de 1963, "pronuncia-se sobre os meios de comunicação de massa, sem julgá-los de forma moralista, mas solicitando-os a se tornarem "admiráveis dons de Deus", respeitando o bem comum de "todo o homem"".
Natureza e interpretação
Visão oficial (e predominante)
Devido aos seus objetivos supra-mencionados, o Magistério da Igreja Católica reconhece que o Concílio Vaticano II tem uma natureza e um fim predominantemente pastoral, não chegando por isso a proclamar nenhum dogma novo.[10]Mas, o Papa Bento XVI insistiu sempre que este Concílio tem a mesma autoridade do que todos os outros concílios ecuménicos que o precedem. Para ele, o Concílio é mais uma expressão da continuidade da Tradição católica (ao contrário do que afirmam os tradicionalistas e os neo-modernistas), que não permite assim um retorno saudosista da Igreja ao passado nem um salto impaciente para o futuro.[25] Segundo o Papa, os vários temas tratados pelo Concílio "podia emergir alguma forma de descontinuidade que, de certo modo, se tinha manifestado", mas, volta a defender que, "feitas as diversas distinções entre as situações históricas concretas e as suas exigências, resultava [...] num processo de novidade na continuidade", que é caracterizada como a "natureza da verdadeira reforma". O Papa defende ainda que, sob a óptica desta continuidade renovadora, "devíamos aprender a compreender mais concretamente do que antes que as decisões da Igreja em relação às coisas contingentes. [...] Em tais decisões, somente os princípios exprimem o aspecto duradouro, permanecendo subjacente e motivando a decisão a partir de dentro. Não são, por sua vez, igualmente permanentes as formas concretas, que dependem da situação histórica e podem portanto ser submetidas a mutações. Assim as decisões de fundo podem permanecer válidas, enquanto as formas da sua aplicação a estes novos podem mudar."[26]
O Papa Bento XVI, em 2005, acrescentou também que "se [...] lemos e recebemos [o Concílio Vaticano II] guiados por uma justa hermenêutica, ele pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a sempre necessária renovação da Igreja". E esta "justa hermenêutica" (ou interpretação), em oposição à hermenêutica tradicionalista ou neo-modernista, consiste na "justa [...] leitura e [...] aplicação" dos documentos conciliares pelo Papa, o Chefe da Igreja Católica.[26] Ainda segundo Bento XVI, os católicos devem manter-se fiéis ao Magistério do Papa e à Igreja de hoje, que está precisamente expressa nos documentos deste Concílio.[25]
Por esta razão, "os cristãos estão obrigados a respeitar as decisões conciliares" (principalmente em matérias de fé e moral), até porque "os concílios ecumênicos, quando legalmente convocados, presididos, com decisões aprovadas pelo Papa e legalmente encerrados, são detentores da infalibilidade quando se trata de fé e moral. Não é necessário apresentar cânones dogmáticos na forma de anátema para que o fenômeno da infalibilidade se verifique. É preciso, sim, que existam documentos com juízos definitivos sobre fé e moral" (o que pode não ser dogmas ou verdades de fé novos), como as constituições dogmáticas produzidas por este Concílio.[27]
Embora o Papa Paulo VI afirmasse que "…diferentemente dos outros Concílios, este não é directamente dogmático, mas é mais doutrinal e pastoral",[28] ele não quis dizer que as decisões conciliares referentes a matérias de fé e moral sejam falíveis e "de caráter provisório, sujeitas a modificações futuras". O Papa apenas quis dizer que "o Concílio Vaticano II não apresentou cânones dogmáticos que expressam imediatamente a infalibilidade", mas, ele próprio ressalvou que o Concílio, tal como os outros que o precedem, "conferiu a seus ensinamentos a autoridade do Supremo Magistério da Igreja Católica".[27]
As muitas decisões de âmbito pastoral e disciplinar, apesar de não serem infalíveis e imutáveis, devem ser obedecidos também pelos católicos porque elas são uma "expressão de uma vontade colegial dominante, ainda que, eventualmente, por apenas um certo período de tempo". Aliás, as deliberações conciliares, incluindo as de natureza pastoral e disciplinar, "já foram incorporadas ao Código de Direito Canônico, ou seja, tornaram-se leis da Igreja". Estas leis merecem respeito e obediência dos fiéis, se bem que o grau de assentimento e obediência seja inferior ao das verdades de fé e dos dogmas.[27]
Aliás, o próprio Papa Paulo VI, numa alocução feita em 1966, afirmou que "o Concílio [...] será o grande catecismo dos nossos tempos". Com isto, o Magistério da Igreja Católica quis declarar que os ensinamentos do Concílo Vaticano II, que estão expressos nos vários documentos aprovados por este mesmo Concílio, são fundamentais para a transmissão da fé católica nos tempos modernos e recentes.[29] O Papa João Paulo II, em 1995, acrescentou também que o Concílio "não marcou a ruptura com o passado" e até "soube valorizar o património da inteira" Tradição católica. No ano 2000, ele disse ainda que "interpretar o Concílio pensando que ele comporta uma ruptura com o passado, enquanto na realidade ele se põe na linha da fé de sempre, é decididamente desviar-se do caminho".[6]
Visão tradicionalista
Os católicos tradicionalistas dizem que a falta de clareza textual e os vários erros doutrinais e pastorais do Concílio foram as causas para esta descontinuidade e ruptura com a Tradição católica. Para eles, o Concílio, sendo ele de carácter pastoral, é reformável, criticável e falível (susceptível de cometer erros), logo passível de ser aceitado ou rejeitado pelos católicos. Para sustentar este ponto de vista, eles, como por exemplo, alegam que o Concílo "foi reconhecido como não infalível" por:[30]
- Lumen Gentium (um texto conciliar), que afirma, na sua nota anexa, que “tendo em conta a praxe conciliar e o fim pastoral do presente Concílio este sagrado Concilio só define aquelas coisas relativas à fé e aos costumes que abertamente declarar como de fé”. Para os tradicionalistas, não houve nenhuma declaração de fé aberta deste tipo.[30]
- Papa Paulo VI, que disse, num seu discurso proferido na Audiência de 12 de janeiro de 1966, que “dado o caráter pastoral do Concílio, ele evitou pronunciar de uma maneira extraordinária dogma algum, comportando a nota de infalibilidade”. Para os tradicionalistas, "isso significa então que no Concilio, a Igreja não quis utilizar seu grau de suprema autoridade".[30]
- Papa Bento XVI, num discurso seu proferido em 2005.[26] Os tradicionalistas alegam que o Papa, de um modo "parcialmente implícita", aceitou que "um concílio, cujo objetivo primeiro e confessado foi de se adaptar ao que este mundo presente tem de contingente, não pode senão ser ele mesmo contingente. Contingente, logo reformável, por uma reforma que será ela mesma o fruto de uma sã crítica."[30]
Visão neo-modernista
Os "neo-modernistas", afirmando também que o Concílio apresentou uma ruptura em relação à Tradição católica, propuseram uma hermenêutica ou interpretação liberal dos documentos conciliares, levando ao excesso o aggiornamento proposto por João XXIII. Segundo a sua interpretação divergente dos documentos conciliares e da própria Tradição católica, os neo-modernistas afirmam, como por exemplo, que a missão da Igreja não devia ser a salvação eterna do homem, mas sim, que a sua missão haveria que ser de ordem preferentemente temporal.Estes afirmam que "os textos do Concílio como tais ainda não seriam a verdadeira expressão do espírito do Concílio", sendo por isso "preciso ir corajosamente para além dos textos, deixando espaço à novidade em que se expressaria a intenção mais profunda, embora ainda indistinta, do Concílio. Em síntese: seria necessário seguir não os textos do Concílio, mas o seu espírito", que cria assim um grande espaço de manobra, de incerteza e de inconstância. Segundo o Magistério da Igreja Católica, tudo isto viola e desvirtua o verdadeiro "espírito conciliar" proposto por João XXIII.[26]
Estes liberais, ainda em nome de um pretenso e desvirtuado "espírito conciliar", causaram no mundo eclesiástico católico uma crise de fundo "neo-modernista" e de ruptura, com várias práticas contrárias à doutrina e à disciplina da Igreja, em desacordo com os documentos do próprio Concílio. Esta crise já está actualmente mais ou menos resolvida, apesar da corrente neo-modernista ainda persistir em alguns sectores católicos.
Actualidade
O Beato e Papa João Paulo II.

Por estas razões, os efeitos do Concílio são ainda vistos de forma controversa por alguns sectores católicos,[31] principalmente pelo catolicismo tradicionalista, que se opõe a vários pontos (ou até à maioria) das decisões do Concílio Vaticano II, nomeadamente em questões como a reforma litúrgica, a liberdade religiosa e o ecumenismo.[32]
Os católicos tradicionalistas acusam o Concílio de, em vez de trazer uma lufada de ar fresco para Igreja, ser uma das causas principais da actual "crise na Igreja", que é caracterizado, como por exemplo, na "corrupção da fé e dos costumes",[33] no declínio do número das vocações sacerdotais e de católicos praticantes e na perda de influência da Igreja no mundo ocidental. Sobre esta mesma crise eclesial, alguns teólogos modernistas, como Andrés Torres Queiruga (que nega a ressurreição real de Cristo [34]) alegam que a sua causa principal "é a infidelidade ao Concílio Vaticano II e o medo das reformas exigidas".[35]
O Papa João Paulo II, em 1995, afirma que não há ruptura:
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Graças ao sopro do Espírito Santo, o Concílio lançou as bases de uma nova primavera da Igreja. Ele não marcou a ruptura com o passado, mas soube valorizar o património da inteira tradição eclesial, para orientar os fiéis na resposta aos desafios da nossa época. À distância de trinta anos [do Concílio], é mais do que nunca necessário retornar àquele momento de graça[6] | ![]() |
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A "pequena semente", que João XXIII lançou [no Concílio], cresceu e deu vida a uma árvore que já alarga os seus ramos majestosos e frondosos na Vinha do Senhor. Ele já deu numerosos frutos nestes 35 anos de vida e ainda dará muitos outros nos anos vindouros. Uma nova estação abre-se diante dos nossos olhos: trata-se do tempo do aprofundamento dos ensinamentos conciliares, o período da colheita daquilo que os Padres conciliares semearam e a geração destes anos cuidou e esperou. O Concílio Ecumênico Vaticano II constitui uma verdadeira profecia para a vida da Igreja; e continuará a sê-lo por muitos anos do terceiro milênio há pouco iniciado. A Igreja, enriquecida com as verdades eternas que lhe foram confiadas, ainda falará ao mundo, anunciando que Jesus Cristo é o único verdadeiro Salvador do mundo: ontem, hoje e sempre![6] | ![]() |

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Quarenta anos depois do Concílio podemos realçar que o positivo é muito maior e mais vivo do que não podia parecer na agitação por volta do ano de 1968. Hoje vemos que a boa semente, mesmo desenvolvendo-se lentamente, cresce todavia, e cresce também assim a nossa profunda gratidão pela obra realizada pelo Concílio. [...] Assim podemos hoje, com gratidão, dirigir o nosso olhar ao Concílio Vaticano II: se o lemos e recebemos guiados por uma justa hermenêutica, ele pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a sempre necessária renovação da Igreja.[26] |
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O texto é do arquiteto intitulado na net como Urban Explorer.A postagem original está em: http://www.lugaresesquecidos.com.br/2012/04/igrejas-e-capelas-abandonadas-pelo.html
Igrejas e capelas abandonadas pelo Brasil
Meu interesse em postar igrejas abandonadas aqui no Brasil começou com
uma capelinha do Niemeyer, largada num parque aqui em Brasília. Traços
firmes e formas certeiras numa nave espacial de frente para o Lago
Paranoá. É mágico estar andando pelos caminhos no meio do cerrado e dar
de frente pra esta capela. Ela integra uma série de três capelas que há
aqui na capital.
Veja a postagem completa:
Depois, procurando engenhos e fazendas antigas pelo Google Earth na
região da grande Recife quando eu encontrei algo que poderia ser uma
ruína. Então mandei as coordenadas para um amigo explorador urbano de
lá, o LTW, e ele foi lá e encontrou essa ruína da ordem da Ordem
Beneditina. Uma aventura como só ele sabe fazer. Mega equipado, com gps e
tudo mais que um explorador urbano precisa numa exploração destas.
Leia a aventura do LTW: http://www.lugaresesquecidos.com.br/2011/02/procura-das-ruinas-da-igreja-de-sao.html
Em seguida eu fui à Recife e conheci pessoalmente o LTW (só o conhecia
porquanto era leitor do blog e já mandou material para várias postagens
aqui. O trabalho dele é um assunto à parte aqui no Lugares.
Nós exploramos e fotografamos o antigo engenho Monjope. E lá
encontramos a igreja do engenho. Um lugar fascinante que já foi usado
como camping e clube, em épocas antigas. A postagem do Engenho Monjope
deu muito o que falar. Muitas pessoas que conheciam o lugar nas épocas
passadas comentaram e se emocionaram ao ver o que sobrou do lugar.
Exploração linda demais.
Nossa visita ao Engeneho Monjope: http://www.lugaresesquecidos.com.br/2011/06/engenho-monjope-igarassu-pernambuco.html
Outra que visitei foi a igreja do arquiteto Antoni Landi, um italiano
que viveu em Belém do Pará no século 18 e, como viveu bem na passagem do
Barroco para o Neoclássico desenvolveu um estilo próprio denominado
Neoclássico Tardo Barroco, um barroco tardio com características
neoclássicas uns 50 anos antes da Família Real portuguesa chegar ao
Brasil e, juntamente com seus arquitetos, e "neoclassizar" o Rio de
Janeiro e institucionalizar o Neoclássico como estilo dominante na nova
arquitetura que surgia para acolher o imperador e a côrte portuguesa.
Landi chegou à Belém juntamente com uma missão encarregada de demarcar
os limites do Brasil. Chegou e ficou. Deu logo um jeito de casar por lá e
ser o arquiteto "queridinho"do intendente.
A capela do engenho do Murucutu, como é chamada, foi dedidaca à Nossa
Senhora da Conceição, e fica dentro de Belém na entrada da CEASA. Veja o
post:
E finalmente a capela de Nossa Senhora do Cadeado, nome curioso, mas
cadeado é o nome do local onde foi construída a capela. Fica no Caminho
do Itupava uma trilha pelo meio da serra que vai da região de Curitiba
até a região que acessa o litoral. Uma trilha de mais de 22 km com um
visual lindo na Mata Atlântica. A capela foi construída para comemorar o
aniversário de 80 anos da ferrovia que faz o percurso
Curitiba/Paranaguá. Muito singular.
O Caminho do Itupava tem 3 partes a da capela é essa:
Agora chegou a hora das novidades. Minha pesquisa foi em cima de
igrejas abandonadas pelo Brasil. Com certeza encontrei muita coisa logo
de cara nos meu lugar favorito de busca: www.panoramio.com. Lá
encontrei perfis de trilheiros, motoqueiros, jipeiros, aventureiros e
exploradores de vários estados do país. Tenho descoberto que há, na
verdade, bem mais exploradores urbanos e de lugares abandonados aqui no
Brasil do que eu pensava mas muito mesmo. Só que eles possuem outros
nomes já citados (trilheiros, motoqueiros e jipeiros de trilhas de
aventura, mochileiros, entre outros vários). Pois foi nessa trilha que
eu entrei pois, fatalmente, essa aventuras e trilhas acabam esbarrando
por lugares abandonados. Há igrejas, casas, fazendas, pontes, túneis e
estações ferroviárias e mais.Tenho descoberto muita coisa interessante.
Como foi vasto o resultado, resolvi separar as imagens por estado e por
ordem alfabética. Coisa de quem tem TOC. Hehe. palmas pro
aventureiros, trilheiros, acampadores e todas essas pessoas que foram
lá nesses lugares. Exploradores de primeira.
Essas igrejas abandonadas, espalhadas pelo Brasil, têm uma coisa em
comum, apesar das muitas diferenças arquitetônicas: eram lugares onde se
praticava o culto religioso, e pelo jeito o católico. Será
coincidência não ter encontrado nenhum exemplo de igrejas de outras
religiões?
Outra coisa em comum é, que mesmo abandonadas ou até em ruínas, essa
igrejas não perderam seu encanto e beleza arquitetônica. Lugares de
paz....
Bahia
Ilha dos Frades
Não posso precisar exatamente a data deste exemplo, mas é mais recente
que o seguinte. Arrisco o palpite de ela ser ou do Ecletismo, final do
século 19, início e uma parte do 20 ou é bem mais antiga, a julgar pela
disposição do beirais, mas acho que ela é do Ecletismo.
Barra
Essa igreja, no local que ela está, com essa cruz na frente, é
realmente mágica, além de ser um convite tentador à entrada e
exploração não é?
Ceará
Boqueirão do Rosário - Beberibe
Essa é bem recente, de uma simetria bem interessante. Detalhe do
campanário no topo da torre: quatro tiras que deviam segurar o sino. Tem
suas janelas e portas semi emparedadas, provavelmente para barrar a
entrada de pessoas.
Espírito Santo
Cachoeiro do Itapemirim
Essa Igrejinha é linda. belo exemplo do ecletismo tardio, provavelmente
década de 40, 50. Com ornamentos bem simplificados, se resumindo
basicamente às cornijas e ao pináculos que enfeitam as pontas das
reentrâncias da fachada. Tem vídeo dela lá no fim da postagem.
Córrego do Monjolo - Baixo Guandu
Exemplo bem interessante, pois parece ser uma igreja também do
ecletismo tardio, porém mais simples, refletindo a simplicidade da
população para a qual servia.
Goiás
Capela de Nossa Senhora das Dores em Cristalina, Luziânia
Essa está bem pertinho de onde moro, qualquer dia vou lá. Típica de
cidadezinhas. Detalhe ao uso da côr no contorno das aberturas por
azulejos amarelos com vitrais azuis. Essa também é bem recente. Muitas
vilas e pequenas cidades estão aderindo à religião evangélica, e penso
ser este a razão de se abandonar um templo católico nesses pequenos
lugares. Perda de identidade?
Capela às margens da GO-156
Mais simplória que esta, não existe. Bem de beira de estrada...
naqueles locais onde o que a grande fazenda deixou para os demais
habitantes locais foi apenas uma estreita faixa às margens da rodovia,
onde se forma o vilarejo.
Minas Gerais
Barra do Guaicuí
É muito comum a "erva de passarinho" crescer em casas e prédios
abandonados. A semente vem junto com o cocô do passarinho, cresce e vira
esse espetáculo. Típico ornamento natural de ruínas e lugares
abandonados.
Capelinha Carlos França - Araguari
"Quais serão os três padoeiros da capelinha? ", é a primeira pergunta
que vem na minha mente quando vejo as três cruzes. Muito simples, mas
com atenção especial à fachada. Sempre são uma caixinha com uma fachada
mais tratada "colada" na frente. Telhado de 2 águas.
Engenho Drumont
Capelinha de uma comunidade bem pequena, ou de uma família só. Tem duas
datas na frente: 1911 e 1998. A primeira pode ser de sua fundação.
Será? ou da data de criação do engenho?
Capela de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário - Estrela do Sul
Eu já fui nessa igreja, em 1989. Sua alvenaria e telhado não aguentarão
muito tempo sem manutenção. Essa é uma futura ruína. Tem até um cactus
crescendo no telhado em uma das imagens.
Capela do Alto do São João - Araguari
Três cruzes, três padroeiros. Quase sempre numa hierarquia de altura. A
mais alta representa o mais importante dos três santos para a
comunidade. A cor amarela sempre recorrente nessas igrejinhas. Detalhe
para a ornamentação de tijolos aparentes nos cantos que enquadram a
porta e as três pontas das cruzes.
Igrejinha do Buriti - Uberaba
A composição do frontão desta igreja é de uma solução muito simples,
harmoniosa. Percebe-se uma preocupação com a simetria, estabelecida nos
frisos verticais (em amarelo). Lembrem-se que quem projetou e construiu
essas "igrejas de beira de estrada" foram "arquitetos", "pedreiros",
"mestres de obra", todos autodidatas, espalhados pelo país inteiro.
Uberlândia
É interessante notar como a ruína, o prédio abandonado convive
harmoniosamente com o urbano de seu entorno. Logicamente seu uso muda,
mas continua sendo habitado, frequentado, visitado, aliás, seu uso muda e
amplia. Antes, o prédio possuía um programa de necessidades de uma
igreja e suas atividades, depois de abandonado ele perde todas as suas
funções típicas e começa a ser frequentado por traseuntes, por pessoas
que vivem na rua, que até habitam por certo período o lugar. O tempo de
permanência no local abandonado sofre também uma mudança, há uma maior
rotatividade de pessoas. A maioria passam por tempos bem curtos, são os
grafiteiros, exploradores, usuários de drogas (infelizmente), e
atualmente equipes de paintball procuram muito esses lugares para poderem travar suas batalhas coloridas.
Pará
Ilha Araraiana
Essas duas igrejinhas são típicas de cidades do interior do Brasil,
principalmente em vilarejos na beira de estradas. A arquitetura é muito
simples de alvenaria e telhado de duas águas. Geralmente a fachada é o
elemento de maior preocupação arquitetônica. Nas mão e mente de mestres
de obras e arquitetos autodidatas das classes mais simples de nossa
sociedade surgem ideias e formas simples, criativas e diferentes.
Soluções práticas num programa de necessidades resumido da igreja (sem
sacristia e outras áreas comuns nesses locais).
Essa ilha fica localizada do outro lado da baia que separa Belém de uma
região imensa de ilhas, a qual inclui a Ilha do Marajó. Mas poderiam
muito bem estar no nordeste, sul, sudeste...
Piauí
Moreira
Imagina só a implantação dessa igreja. A segunda imagem mostra bem onde
ela foi construída. Que vista! Arquitetura tão simples. Belíssima!
Paraná
Londrina
Já pensou, andando no meio do mato e de repente isso! me sentiria no
"Elo Perdido". E o altar!! mega colorido. Amarelo e vinho é uma
combinação muito encontrada nessas igrejas. Repararam? Com espaços para
os três padroeiros da igreja. Qualquer antiquário se mataria pra ter.
Ilha do Mel
A Ilha do Mel é um point famosíssimo de aventureiros e
pessoas que curtem acampar em lugares distantes e lindos. Eu já estive
do outro lado da Ilha, na Ilha das Peças. É um desses lugares que a
religião evangélica está cabando com as tradições e festas católicas.
Uma pena. Uma religião não deveria se sobrepor á outra.
Rio de Janeiro
Igreja de Santa Margarida - Cosmos
As igrejas do Rio são um caso à parte. De épocas e, consequentemente,
de estilos bem diferentes entre si, foram os melhores exemplos que
encontrei em minha pesquisa. vai dar vontade de ir pro Rio e visitar
esses lugares depois de ver as imagens.
Igreja de Nossa Senhora da Estrela dos Mares - Magé
Parabéns ao Leonardo Oliveira, www.oliveiral.omeu.com.br, que foi lá e
registrou esse exemplo em Magé. Ela já está com a estrutura em pedra
toda à mostra.
Igreja de São José da Boa Morte - Macacu
Essa é muito linda. Reparem na forma do portal, e nas três janelas
superiores, geralmente eram duas janelas. Quando as janelas eram em
número ímpar, alinhava-se a do meio com a porta. Que bom que a pessoa
entrou e registrou por dentro. A parte posterior que nota-se nesta
primeira imagem é o nicho do altar. Belíssima!
Igreja de São José do Mutum - Lagoa - Macaé
Olha essa em Macaé. Diferente. Acho que o "puxadinho" na frente foi feito à posteriori.
Parece que ela foi feita em partes mesmo. Talvez torre e subsolo
também tenham sido feitos em épocas diferentes ao "puxadinho" e ao
corpo principal. Loucura, loucura!
Nossa Senhora da Piedade do Inhomirim - Bongaba - Magé
Dá pra ver uma arcada de tijolos marcada no centro da fachada. Marcas
de reformas que passaram essa igreja. Bem antiga, pelo jeito.
Rio Claro
Essa igreja é muito estranha. Percebam o tamanho das torres:
disproporcional pro resto da construção, ou o corpo é muito pequeno para
elas. Estranha e bela.
Ruínas da Capela de São Jorge - Petrópolis
Olha só! Essa tesoura lembra muito o enxaimel, uma técnica que os
imigrantes alemãos trouxeram ao Brasil. consiste em preencher a
estrutura aparente em vigas de madeira com alvenaria. Muito comum em
chalés do sul do país. parabéns ao Marcos L. Brito que foi lá e
fotografou, mas poderia ter tirado mais, hehe, mais, mais. Essa é muito
linda.
Rio Grande do Norte
Capela do Bom Jesus - Mossoró
Típica igrejinha de interior. Olhem as "ervas de passarinho" que
virarão árvores em cima do telhado. O frontão imita o frontão barroco,
mas ela deve ser de um ecletismo tardio.
Rio Grande Do Sul
Osório
Essa foi tirada de dentro do carro em movimento. Um exemplo modernista
(talvez tardio) de igreja, se não estou enganado. Lembra muito a igreja
do Le Corbusier a capela de Notre-Dame-du Haut. Maravilha!!
Igreja da Fazenda Padre Eterno - Sapiranga
Essa é linda. tem até um cemitério agregado a ela. Relíquias
abandonadas e esquecidas. Porém, os túmulos não foram esquecidos, há
flores frescas neles. Provavelmente, as famílias dos mortos ainda devem
morar na região.
Torres
A única em madeira da postagem. Exemplo bem típico de igreja de colônia de imigrantes.
Encanto Alto - Indaial
Nossa! como tem igreja do ecletismo abandonada. encontrei muitas como esta.
Pouso Redondo
Exemplo bem recente de igreja abandonada, provavelmente dos anos 80/90.
Talvez até mais recente. Os religiosos católicos estão migrando para
outras religiões??
Sergipe
Capela de Nossa Senhora da Conceiçã do Antigo Engenho Poxim
Engenhos abandonados estão pelo Brasil inteiro. preste atenção no
desenho do frontão. completamente diferente de tudo que vi em igrejas
brasileiras. Singular! linda!
Igreja de Nossa Senhora de Nazaré - São Cristóvão
E essa igreja barroca no meio do nada!! muito parecida com a Catedral
da Sé, de Belém do Pará e com outras muitas espalhadas pelo Brasil. Tão
imponente, tão linda, tão abandonada. deu vontade de ir em Sergipe só
pra ir neste lugar.
São Paulo
Campinas
Capela da Antiga Fazenda Jambeiro - Parque Jambeiro
Mais uma capela pertencente a um antigo engenho de açúcar, história abandonada e esquecida.
Igreja de Santo Antonio - Mata dos Pintos - Neves Paulista
Só sobrou a torre da igreja. E isso não deixou essa ruína menos
interessante. Dá pra imaginar como ela seria quando inteira. A torre era
pelo lado de fora da igreja e a entrada devia ser pelo vão de baixo.
Belas linhas, esguias. Uma pena estar assim.
Lins
Essa tá com cara de ser bem no centro da cidade. Pelo jeito deve ter sacristia e tudo mais. Queria ter mais imagens dela...
Capela na Rodovia Fausi Mansur
Essa capelinha é demais! Uma das minhas três preferidas dessa postagem. Muito singela, adorei as cores.
Igreja da Água dos Espanhóis - Palmital
Também chamada de Igreja da Água da Espanholada. Gostaria demais saber
o motivo deste nome. Percebo que há uma série de igrejas ecléticas de
um período tardio, anos 30, 40, 50, abandonadas. O que acontece?
Gustavo Asciutti, socorro! nos explique mais sobre essas igrejas.
Palmital
Percebem a semelhança nas torres dos sinos? Nos ornamentos nos topos
dos cantos da igreja? São, sem dúvida, da mesma época. Essa fica no
meio de uma plantação! Ao final tem uma imagem com a plantação cortada.
Incrível como não há nada em volta. Devia fazer parte de uma fazenda.
Paraguaçu Paulista
Um ecletismo imitando o românico. Dentro de uma propriedade particular
sem dúvida. Gostaria que o Gusutavo Asciutti, o autor da imagem,
falasse sobre as igrejas que ele fotografou. Ele tem um vasto registro.
Parabéns.
Igreja Cardoso de Almeida - Paraguaçu Paulista
Será que essa igreja fica dentro de alguma propriedade? Está bem
mantida, mas notem que as "ervas de passarinho" já crescem em seu topo.
Com planta em forma de cruz, ela deve ter três altares. Um principal ao
fundo e dois laterais.
Tremembé
É impressão minha ou o terreno dessa igreja cedeu? Com certeza foi tirada também da janela do carro passando pela estrada.

Fontes:
http://www.lugaresesquecidos.com.br/2012/04/igrejas-e-capelas-abandonadas-pelo.htmlCRUZ E ICONE DA JMJ EM INGAÍ

Entusiasmados os jovens da nossa cidade Caminharam em procissão, da Escola Estadual Ramiro de Souza Andrade até a Igreja Matriz.
FOTOS DA FESTA DE NOSSA SENHORA DO CARMO EM LUMINÁRIAS
Aquela Paróquia do lado de trás da montanha, que fica logo ali atrás do
morro e da qual nossa paróquia de Ingaí teve origem; Nossa Senhora do
Carmo de Luminárias, dos nossos estimados Padres João Rodrigues Dantas e
Monsenhor Waldyr Henrique Mancini celebrou no inicio desta semana sua
amada Padroeira, a gloriosa Virgem Maria Bem Aventurada Mãe de Deus e
Nossa Senhora do Carmo.
As celebrações contaram com grande presença do povo luminarense e de
toda a região; as missas e homenagens a Nossa Senhora do Carmo foram
marcadas pelo bom preparo e cuidado na ornamentação da igreja e dos
participantes da liturgia.
A motivação e acolhida feitas pelo Padre João também merecem destaque,
ele trabalhou incansavelmente durante os dias da festa da padroeira para
que os festejos fossem dignos da Flor mimosa do monte Carmelo.
Confira algumas fotos do dia maior da padroeira.
fotos: arquivo do blog e facebook do padre João
Estação de Carrancas
Traituba
Carrancas
Jornada Diocesana da Juventude
O ESCAPULÁRIO DE NOSSA SENHORA DO CARMO
Escapulário
"A devoção do Escapulário do Carmo fez descer sobre o mundo copiosa chuva de graças espirituais e temporais". (Pio XII, 6/8/50)
O que é?

Algumas informações:
Só pode benzer e impor Escapulário que estiver revestido de ordem sacra, ou seja, sacerdotes e/ou diáconos. Não importa qual seja o tamanho, matéria ou cor de que é feito o Escapulário. O seu uso diário e permanente, embora muito recomendado, não é essencial; essencial é o compromisso de viver cristãmente, à imitação de Maria Santíssima.
A Medalha-Escapulário substitui plenamente o próprio Escapulário. Quanto aos compromissos práticos, recomenda-se muito a recitação e a meditação do terço ou, pelo menos, uma parte dele ou qualquer outra prática de devoção a Maria.
Às paróquias do Carmo, Sodalícios da Ordem Carmelitana Secular, Confrarias do Carmo, Colégios, Hospitais, Asilos, Orfanatos consagrados a Nossa Senhora do Carmo recomenda-se a promoção dos Encontros da Família Carmelitana com a finalidade sobretudo, de estreitar os laços de verdadeira fraternidade cristã. Temos todos um mesmo ideal de santificação e de auxílio mútuo neste empreendimento - e isto se torna mais fácil se tivermos consciência de que somos uma grande Família, de que somos todos irmãos do CARMO!
Texto retirado do livro "Fraternidade do Escapulário do Carmo" escrito por Frei Nuno Alves Corrêa.
O Poder do Escapulário
O Monte Carmelo, na Palestina, é o lugar sagrado do Antigo e Novo Testamento. É o Monte em que o Profeta Elias evidencia a existência e a presença do Deus verdadeiro, vendo os 450 sacerdotes pagãos do Baal e os 400 profetas dos bosques, fazendo descer do céu o fogo devorador que lhes extinguiu a vida. (III Livro dos Reis, XVIII, 19 seg.).
É ainda o Profeta Elias que implora do Senhor chuva benfazeja, depois de uma seca de três anos e três meses (III Livro dos Reis, XVIII, 45).
É no Monte Carmelo que a tradição colocou a origem da Ordem Carmelitana.
Alí, viviam eremitas entregues à oração e à penitência.
Há quem afirme que o primeiro oratório em louvor à Virgem Maria foi levantado no Monte Carmelo. Sempre foi transmitida a crença que aquela nuvem branca que surgiu do mar e se transformou em chuva benéfica é símbolo da Imaculada Conceição de Maria.
São Luis IX, rei da França, sobe ao Monte Carmelo. Encontra-se com aqueles eremitas e fica encantado, quando lhe contam que sua origem remonta ao Profeta Elias, levando uma vida austera de oração e penitência, cultivando ardente devoção à Nossa Senhora.
Trinta anos, antes de São Luis IX subir ao Monte Carmelo, dois cruzados ingleses levaram para a Inglaterra alguns monges.
Na Inglaterra, vivia um homem penitente, como o Profeta Elias, austero como João Batista. Chamava-se Simeão. Mas, diante de sua vida solitária na convacidade de uma árvore no seio da floresta, deram-lhe o apelido de Stock.
Dizem os historiadores que Nossa Senhora lhe apareceu, exortando-o a unir-se aos Monges Carmelitas.
Os Carmelitas transferiram-se do Oriente para a Europa, por causa das perseguições sofridas, com seus conventos destruídos, queimados, seus religiosos presos, mortos e os sobreviventes dispersos. Diferente porém não foi sua sorte na Europa.
São Simão Stock, unindo-se aos Carmelitas, tanto se distinguiu por sua piedade, austeridade, visão e liderança, acabando sendo eleito Superior de todos os Carmelitas da Europa, em 1245. Teve coragem de adaptar a vida dos Carmelitas, que devia ser um misto de contemplação e de atividade apostólica e pastoral. Preparou os Religiosos, mandando-os às Universidades. Isto desagradou aos mais velhos. Se não bastassem as dificuldades internas, o clero diocesano que não aceitava os frades mendigantes Franciscanos e Dominicanos, fez guerra também aos Carmelitas. São Simão Stock até pensou em mudar o hábito que tanto chamava a atenção na Europa.
Sentindo ele sempre mais a oposição interna e externa e sendo já nonagenário, reconhecia que as provações eram superiores a suas forças.
Foi então que recorreu com muita confiança à proteção de Nossa Senhora. Na noite de 16 de julho de 1251, no Convento de Cambridge, no condado de Kent, Inglaterra, assim rezava São Simão Stock na sua cela: "Flor do Carmelo, Vinha florífera, Esplendor do céu, Virgem fecunda, singular. Ó Mãe benigna, sem conhecer varão, aos Carmelitas dá privilégio, Estrela do Mar!".
Terminada estre prece, levanta os olhos marejados de lágrimas, vê a cela encher-se, subitamente, de luz. Rodeada de anjos, apareceu-lhe a Virgem Santíssima, revestida de esplendor, trazendo nas mãos o Escapulário dizendo a São Simão Stock, com inexprimível ternura maternal: "Recebe, filho queridíssimo, este Escapulário de tua Ordem, como sinal peculiar de minha fraternidade, como privilégio para ti e para todos os Carmelitas. Quem morrer revestido dele não sofrerá o fogo eterno. Eis um sinal de salvação, de proteçao nos perigos, eis uma aliança de paz e de eterna amizade".
Nossa Senhora voltou ao céu e o Escapulário permaneceu como sinal de Maria.
Na última aparição de Lourdes e de Fátima, Nossa Senhora traz o Escapulário.
São passados 733 anos, desde o dia 16 de julho de 1251. Todos os que trouxeram o Escapulário, com verdadeira piedade, com sincero desejo de perfeição cristã, com sinais de conversão, sempre foram protegidos na alma e no corpo contra tantos perigos que ameaçam a vida espiritual e corporal. É só ler os anais carmelitanos para provar a proteção e a assistência de Maria Santíssima.
O Escapulário é a devoção de papas e reis, de pobres e plebeus, de homens cultos e analfabetos. É a devoção de todos. Foi a devoção de São Luis IX, de Luis XIII, Luis XIV da França, Carlos VII, Filipe I e Filipe III da Espanha, Leopoldo I da Alemanha, Dom João I, de Portugal.
E a devoção dos Papas: Bento XV o pontífice da paz, chamou o Escapulário a "arma dos cristãos" e aconselhava aos seminaristas que o usassem. Pio IX gravou em seu cálice a seguinte inscrição:"Pio IX, confrade Carmelita". Leão XVIII, pouco antes de morrer, disse aos que o cercavam: "Façamos agora a Novena da Virgem do Carmo e depois morreremos".
Pio XI escrevia, em 1262, ao Geral dos Carmelitas: "Aprendi a conhecer e a amar a Virgem do Carmo nos braços de minha mãe, nos primeiros dias de minha infância". Pio XII afirmava: "É certamente o Sagrado Escapulário do Carmo, como veste Mariana, sinal e garantia da proteção e salvação ao Escapulário com que estavam revestidos. Quantos nos perigos do corpo e da alma sentiram a proteção Materna de Maria".
O Papa João XXIII assim se pronunciou: "Por meio do Escapulário do Carmo, pertenço à família Carmelitana e aprecio muito esta graça com a certeza de uma especialíssima proteção de Maria. A devoção a Nossa Senhora do Carmo torna-se uma necessidade e direi mais uma violência dulcíssima para os que trazem o Escapulário do Carmo"
Paulo VI afirmava que entre os exercícios de piedade devem ser recordados o Rosário de Maria e o Escapulário do Carmo.
O Papa João Paulo II é devotíssimo de Nossa Senhora e coloca a recitação do Rosário entre suas orações prediletas. Ele quis ser Carmelita. Defendeu sua tese sobre São João da Cruz, o grande Carmelita renovador da Ordem.

Irmã Lúcia respondeu simplesmente: "É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário".
Artigo escrito por Dom Pedro Fedalto, Arcebispo de Curitiba para o Jornal Gazeta do Povo.
O Valor e o Significado do Escapulário
O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo é um sinal de Maternidade Divina de Maria. Como tal, representa o compromisso de seguir Jesus como Maria, o modelo perfeito de todos os discípulos de Cristo.
* Viver abertos a Deus e à sua vontade;
* Escutar e praticar a palavra de Deus;
* Orar em todo momento, descobrindo Deus presente em todas as circunstâncias;
* Estar aberto a caridade e as necessidades da Igreja;
* Alimentar a esperança do encontro com Deus na vida eterna pela proteção e intercessão de Maria.
O Escapulário do Carmo não é:
* Um sinal de proteção mágica ou amuleto;
* Uma garantia automática de salvação;
* Uma dispensa de viver as exigências da vida Cristã.
O Escapulário em suas normas práticas:
* O Escapulário é imposto só uma vez por um sacerdote ou pessoa autorizada;
* O uso do Escapulário exige no mínimo a oração de três Ave-Marias em honra a Nossa Senhora do Carmo;
* O Escapulário compromete com uma vida autêntica de Cristãos que se conformam com as exigências evangélicas, recebem os sacramentos e professam uma especial devoção à Santíssima Virgem.
Artigo escrito pelo Pároco Luiz Alberto Kleina.
NOSSA SENHORA DO CARMO NA DIOCESE DE OLIVEIRA
NOSSA SENHORA DO CARMO TAMBÉM É PADROEIRA DA DIOCESE VIZINHA, A DIOCESE DA CAMPANHA

Aproxima se do dia de Nossa Senhora do Carmo, a gloriosa bem Aventurada Virgem Maria Mãe de Deus que também é padroeira da Diocese da Campanha, um dos bispados que foram dividos para a formação da nossa diocese de São João del Rei em 1960.
Pertenciam à diocese da Campanha antes de São João del Rei as seguintes Paróquias: NSra. da Conceição de Carrancas, São José de Itumirim, Santo Antônio de Itutinga, NSra. do Carmo de Luminárias, Sagrado Coração de Minduri, São Vicente Ferrer de São Vicente de Minas e Sant'Ana de Lavras, além das outras comunidades que posteriormente se tornaram Paróquias; NSra. Auxiliadora, São Sebastião, Nsra. de Fátima e NSra. Aparecida de Lavras, NSra. da Conceição de Ijaci e a nossa comunidade de São Sebastião de Ingaí.
A História
A Diocese da Campanha foi criada pelo papa São Pio X, a oito de setembro de 1907, pelo decreto pontifício “Spirituali fidelium bonum” (O bem espiritual dos fiéis) e teve como primeiro administrador, o bispo de Pouso Alegre, Dom João Batista Corrêa Nery.

Com a proclamação da República, veio a separação entre a Igreja e o Estado, mediante o decreto 119-A,
redigido e apresentado ao governo provisório por Rui Barbosa, em 7 de
janeiro de 1890. Este decreto extinguiu o regime de padroado e garantiu a
liberdade religiosa no Brasil. Apesar de o novo governo ser de espírito
laicista, essa separação deu maior liberdade interna à Igreja, fazendo
com que ela buscasse melhor organização. Assim sendo, a partir da
referida data, muitas dioceses serão erigidas dentro do território
nacional. Dentre essas, destaca-se a Diocese da Campanha.
Foi
neste contexto de mudanças políticas e sociais que nasceu, no sul de
Minas, um movimento pela criação de uma diocese sulmineira. O sul de
Minas, até então, tinha seu território dividido entre duas dioceses: a
leste e nordeste do rio Sapucaí, ficava a Diocese de Mariana/MG; a
oeste, noroeste e sul do mesmo rio, a diocese de São Paulo/SP.
No ano de 1891, Bernardo Saturnino da Veiga, proprietário do jornal "O Monitor Sul Mineiro",
com sede em Campanha, expede uma circular aos padres do Sul de Minas e
lhes lembra a inadiável necessidade de se pedir a criação de um Bispado
com sede em Campanha, o que iria premiar toda a região. Depois de muitas
dificuldades políticas e econômicas, o anseio de criação de um bispado
sulmineiro, com sede em Campanha, acomodou-se.
No
ano de 1897, contudo, agita-se com mais veemência a idéia da criação de
uma diocese no Sul de Minas. Agora, duas cidades ambicionavam o título
de “sede diocesana”: Campanha e Pouso Alegre.
O
movimento campanhense foi liderado pelo Vigário Cônego José Teófilo
Moinhos de Vilhena, e o de Pouso Alegre pelo Padre José Paulino de
Andrade. Houve representações de ambas as cidades ao Internúncio e ao
Bispo de São Paulo, Dom Joaquim Arcoverde. Os pousoalegrenses foram mais
felizes: tiveram também o apoio de Silviano Brandão, mais tarde
Vice-Presidente da República. Sendo assim, a 4 de agosto de 1900, criada
a Diocese de Pouso Alegre, pelo decreto pontifício “Régio latissime potens”, de SS. Leão XIII.
Mesmo
com a criação da Diocese de Pouso Alegre, a idéia da criação de um
bispado campanhense não esfriou. Em 1903, após uma representação de
campanhenses ilustres seguir, por recomendação de D. Joaquim Arcoverde, à
autoridade eclesiástica, o núncio apostólico no Brasil D. Júlio Tonti
visita a cidade da Campanha, reavivando as esperanças de criação de mais
uma diocese no sul de Minas.
De
1904 até 1907 muitos trabalharam pela causa da criação da Diocese da
Campanha. Dentre os líderes destacam-se o próprio bispo de Pouso Alegre,
D. João Batista Corrêa Nery, que não se opôs ao movimento de criação de
outra diocese no sul de Minas; Monsenhor João de Almeida Ferrão,
campanhense e vigário geral da diocese de Pouso Alegre; o diplomata
brasileiro em Roma, Joaquim Nabuco; os padres José Maria Natuzzi e
Miguel Martins e os deputados Joaquim Leonel de Rezende e Gabriel
Valadão.
Em
1907, quando Campanha tornou-se Diocese, Minas Gerais tinha como Sedes
Diocesanas só Mariana, Diamantina, Pouso Alegre, Montes Claros e
Uberaba. São posteriores a ela: Araçuaí (1913), Caratinga (1915) e Luz
(1918). Belo Horizonte terá seu Bispado só em 1921, e Juiz de Fora, em
1924.
Enfim,
depois de muito trabalho foi criada a Diocese da Campanha, desmembrada
da Diocese de Pouso Alegre. Doravante, agregaram-se à Campanha as
paróquias que, antes de 1900, pertenciam à Diocese de Mariana. O Sul de
Minas contava, assim, com duas dioceses no fim da primeira década do
século XX.
FONTES:
LEFORT, José do Patrocínio. A Diocese da Campanha. Imprensa oficial de Minas Gerais, BH, 1993.
MATOS, Henrique Cristiano José. Nossa História. 500 anos da Presença da Igreja Católica no Brasil, Tomo 2. Ed Paulinas, SP, 2002.
Padroeira

A pedido do Bispo Diocesano, do Cabido e dos fiéis, foi proclamada Patrona Principal da Diocese, em 11 de Fevereiro de 1925.
O pensamento volta-se para a montanha sagrada, que no mundo bíblico é sempre considerada como símbolo de graça, de bênção e de beleza. Naquela montanha os carmelitas dedicaram à Virgem Mãe de Deus, "Flos Carmeli" (Flor do Carmelo), que possui a beleza de todas as virtudes, a sua primeira igreja, exprimindo assim a própria vontade de se confiarem completamente a Ela e de ligarem de modo indissolúvel o próprio serviço a Maria com o serviço em atenção a Cristo.
Os grandes místicos carmelitanos entenderam a experiência de Deus na própria vida como um "caminho de perfeição" (Santa Teresa de Jesus), como uma "subida ao Monte Carmelo" (São João da Cruz). Neste itinerário está presente Maria. Ela torna-se, enquanto Virgem Puríssima, modelo do contemplativo, sensível à escuta e meditação da Palavra de Deus e obediente à vontade do Pai, por meio de Cristo no Espírito Santo. Por isso no Carmelo floresce uma vida de intensa comunhão e familiaridade com a Virgem Santa, como "maneira nova" de viver para Deus e de continuar aqui na terra o amor do Filho Jesus a Maria sua Mãe.
Catedral
- Em 21 de janeiro de 1787, foi benta a pedra fundamental pelo pároco Pe. Bernardo da Silva Lobo.
- Foi construída pelos escravos e levou 35 anos para ser terminada.
- O arquiteto Francisco de Lima de São João Del Rei supervisionou todos os trabalhos.
- A igreja foi benta, com muitas festas, pelo Pe. José de Souza Lima, em 31 de março de 1822.
- As torres foram construídas em 1871.
- Medidas: Comprimento: 75m; largura: 25m; altura: 36m; nave central: 17m; espessura das paredes: 1m80. As paredes são de taipa.
- Em 1900, foi reformada interiormente pelos jesuítas, para as festas de fim do século.
- Em 19 de setembro de 1909, data da sagração episcopal de Monsenhor João de Almeida Ferrão, 1º bispo da Diocese da Campanha, a Matriz tornou-se Catedral.
- Em 1925, Dom Ferrão reformou-a externamente modificando o “estilo” e deu um novo aspecto às fachadas e às torres.
- Em 1937 e 38, Dom Inocêncio (2º bispo), manda cercar a catedral com uma grade de ferro.
- Em 1948, Mons. João Rabello de Mesquita realizou a reforma interna, alterando a nave central, retirando alguns altares, revestindo o piso de mármore e construindo a cripta para sepultura dos bispos campanhenses.
- Em 1964, Pe. José Hugo Goulart, sendo bispo Dom Othon Motta, elevou o ponto do telhado; preparou o local para o futuro salão paroquial.
- De 22 de agosto de 1966 a 10 de outubro de 1967. Pe. Fuhad Lage realiza a reforma externa da catedral, reveste as torres com chapas de alumínio, constrói passeios e jardins ao redor da igreja.
- Em 28 de abril de 1970, inauguração do salão paroquial e salas anexas para os diversos serviços comunitários.
- Em 1974: inauguração do novo altar para o culto, pintura geral interna da igreja, restauração completa do forro, bancada nova de imbuia e novos genuflexórios para a capela.
- Em 1979, novo telhado, reforma das escadarias das torres, do assoalho e do teto do coro da Catedral.

VIVA ELA ! ! !
E POR SER O MÊS DE NOSSA SENHORA DO CARMO, SEGUE ABAIXO UM TEXTO SOBRE O NOSSO PRIMEIRO PÁROCO E SEMPRE PÁROCO DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DO CARMO DE LUMINÁRIAS, MONSENHOR WALDYR HENRIQUE MANCINI

Padre Waldyr Mancini, de Luminárias (MG)
Sou de Três Corações, sou o mais velho de nove irmãos. Desde criança manifestei desejo de ir para o seminário, mas ninguém acreditava porque eu era bagunceiro, não gostava de estudar. Me ordenei padre em 1956 e tomei posse aqui em 10 de fevereiro de 1957, nessa paróquia de Luminárias.
Tem um documento que o bispo nos dá, chama-se Provisão, e na Provisão constava assim: “será pároco de Luminárias durante o período de três anos enquanto não mandarmos o contrário.” Acontece que ele não mandou o contrário e faz mais de 50 anos que eu estou aqui na paróquia, né?
Quando eu cheguei em Luminárias eu estranhei muito, a cidade era muito pequenininha, não tinha luz, não tinha água encanada. Tinha uma torneira onde o povo todo recolhia água. E a luz, praticamente não tinha energia elétrica. Tinha na igreja, porque um farmacêutico, Arthur Moura Maia, o Tuca, tinha um conjunto elétrico, então ele fornecia luz elétrica na igreja e na casa paroquial, mas por muitos anos não tinha nada disso.
A cidade não era calçada, era então muito pobre e tinha acabado de ter havido a emancipação política. Foi em dezembro de 49 que houve a emancipação política. Estava nesse trabalho de se organizar e começar a andar como qualquer município.
A princípio, quando eu cheguei aqui, havia apenas uma escola. Antigamente falava-se assim “grupo escolar”. Havia só uma escola na cidade e duas escolinhas na zona rural. A escola é onde ainda hoje está. Ela era estadual, hoje ela é Escola Municipal Francisco Diniz. Depois eu criei o Ginásio. Criamos com duas salas, hoje nós estamos com um número imenso de alunos e tem segundo grau.
Com a ajuda de alguns amigos políticos nós conseguimos ter a nossa usina hidroelétrica e durante muitos anos ela serviu. Mas o município não suportou sustentar uma usina. A usina foi feita pra ajudar mesmo a população, então não se tinha condição de se cobrar taxas. Resultado: o município não aguentou, ela foi desativada e então veio a Cemig. Mas foi muito bonita essa caminhada do povo de Luminárias, todos se uniram, houve aquela garra, nós temos que ter a nossa energia elétrica porque nós temos uma riqueza imensa, uma queda d’água.
Nesse tempo, eu me identifiquei com o povo daqui, com o modo de agir, o modo de viver. A igreja antiga sempre foi chamada de Igreja Velha. Quando eu vim pra cá, nomeado pelo bispo Inocêncio Engelke, que era de diocese de Campanha, ele sabia da situação da Igreja. Ela estava muito estragada. Ele disse: “você chegando lá, pode desmanchar essa igreja”. Porque a outra, a Matriz Nova, já estava sendo feita desde 1950. Hoje ela está ali no centro, mas nós sabemos que o centro da cidade era em volta da Igreja Velha. A cidade expandiu, o centro da Igreja Velha ficou para trás e o centro ficou em torno da Matriz Nova, que onde nós trabalhamos hoje. Eu vi o estado da Igreja Velha, estava muito ruim mesmo. As paredes estavam muito estragadas, mas eu achei que desmanchar seria um crime. Havia alguma coisa histórica ali e eu aguardei vinte e tantos anos.
Os primeiros habitantes que vieram aqui foram liderados por uma senhora, Maria José do Espírito, e ela trouxe uma imagenzinha de 60 cm de Nossa Senhora do Carmo. Ela se estabeleceu onde nós chamamos na parte baixa da cidade. Consta, aí já não tem nada escrito, que ela teria chegado com sua família pra explorar ouro que havia, aqui na área. Ela teria plantado um cruzeirinho. E em volta desse cruzeirinho rezava-se as orações. Era uma imagem de madeira, que tem muito valor histórico por que ninguém sabe quem fez. Do cruzeirinho ela fez uma ermida, e depois uma capela. Então atrás dessa capelinha ela fez uma capela maior, e assim foi indo, foi indo até que ela fez a igreja, uma igreja bem maior. Depois fizeram um frontispício em frente à igreja, a igreja ganhou uma sacristia e aí foi indo. A comunidade ajudou a fazer e interessante que na reforma de 1985, os pedreiros não encontravam o ângulo certo para consertar o telhado. Descobrimos que havia a diferença de meio metro no esquadro da igreja. Tinha também uma varanda do lado direito de quem entra que também está fora do esquadro.
A igreja foi feita por etapas. Um vinha dois ou três dias da semana, parava e vinha outro. Resultado: um perdia o fio da meada e quem dava continuidade ao serviço nem conferia as medidas e a igreja ficou fora do esquadro. Quando eu fiz a reforma, eu tive que deixar e respeitei até o erro de construção, eu conservei pra identidade da igreja.
Ao lado da igreja, até hoje tem lá um chafariz, onde se pegava água. Isso faz parte do conjunto, e nas costas dele tem gravado uma placa de alumínio com uma poesia que um filho de Luminárias, o professor Vicente Mesquita, que morava aí, fez.
Não havia água encanada em Luminárias pra todo mundo. Havia água encanada em alguns pontos da cidade, e o chafariz da igreja velha era um deles. Interessante que isso eu cheguei a assistir: a pessoa chegava cedo no chafariz e punha a lata pra encher de água. Quando o segundo chegava já encontrava uma lata lá, e colocava a lata dele em seguida. Então a fila não era de pessoas, era de latas, as latas iam enfileiradas. Uma vez que eu enchia a lata, eu tinha delicadeza de tirar a minha lata cheia e punha a outra. Ali as pessoas punham em dia os assuntos da semana, as chamadas “fofocas”.
* * *
Quando eu fiz a reforma da igreja, ia preparar o terreno e do lado esquerdo nós encontramos muitas ossadas. Era comum as pessoas serem enterradas ao lado das igrejas. Já havia um outro cemitério, no bairro Bela Vista, construído pelos escravos. Quando nós reformamos esse cemitério, deixamos um ossário, onde colocamos os esqueletos achados na reforma da Igreja Velha. Não encontramos, mexendo no assoalho, nenhuma sepultura. Então isso está escrito no livro do tombo da paróquia, só que eu perdi a conta de quantas ossadas nós tiramos. Era bastante, e ali não tem mais nada, tá tudo guardado no cemitério.
Um costume que eu encontrei aqui em Luminárias, eu estranhei porque não sabia disso. Havia uma família que era especialista, principalmente uma senhora chamada Maria do seu Benevides. Ela era uma senhora de valor dentro da comunidade. Quando uma pessoa da família estava com uma doença muito prolongada, ela ficava com o doente até o final. E esse final era uma lavagem. Uma vez eu perguntei pro médico: “por causa de quê?” Ele disse: “É explicável. Eles tinham medo de dar banho na pessoa doente, o banho talvez piorasse a situação da enfermidade”. Então não se dava banho na pessoa enferma. Quando morria, a situação não estava agradável. E ela tinha uma bacia enorme. Ia lá na torneira, enchia a bacia d’água, dava um banho. Aí eu perguntei: “mas era na água quente?” A senhora muito simplesmente disse: “água quente pra quê? Já tava morto!” E outra coisa: o sabão usado era chamado sabão de cinza, ou sabão preto. Você põe a cinza no barreleiro, punha água, e aí colocava o resíduo ou caldo, ia coando, e ali fazia o sabão. O sabão preto era poderosíssimo, talvez seja o melhor detergente que eu conheci na minha vida.
Outra coisa: era hábito, comprava-se sapato e punha no defunto. Sapato novinho, muitas vezes eu fiz encomedação, de família pobre, mas de sapato, com selo ainda. Porque tudo o que a gente comprava tinha um selo da receita estadual. Não tirava o selo e às vezes nem meia calçava.
E quando morria alguém, o pai, a mãe, o esposo e a esposa vestiam-se em luto fechado. Fazia a roupa preta. Desde a missa de sétimo dia, a viúva ficava um ano usando só roupa preta. Houve um caso cômico. Um senhor idoso, ele chamava Narico, perdeu a mulher e mandou fazer a camisa preta. Então, na missa de sétimo dia, tava todo mundo de preto. Mas ele era muito pobre, não só ele, mas muitas outras pessoas. Eles faziam só a frente da camisa e a pessoa vestia, amarrava no pescoço e na cintura, com colarinho, mas com as costas nuas. E aí que veio a parte interessante. Numa festa que houve um leilão de gado, uma reis escapou do curral, naquela correria danada, um senhor tirou um paletó, pra ajudar a segura aquela reis, né? E ele esqueceu que estava com aquele tipo de camisa. Nós todos rimos demais e ele não sabia, achou que ele tava abafando ali. Era uma pessoa muito pobre, não tinha condição de fazer uma camisa inteira, só a parte da frente.
Outra coisa que eu não conhecia: banguê. Banguê é uma palavra africana. É uma árvore que eles cortam, não muito grossa, tem uns 15 centímetros de espessura. E se uma pessoa falece muito longe, como é que vai carregar? Não tem condução, não vai caminhão. Como é que traz? Tem que trazer nas costas. Então eles pegavam um lençol, amarravam naquela haste, colocava-se o defunto, e ele ficava como se estivesse numa rede. Iam revezando, cada pessoa carregava um pouquinho. era pesado, dava um trabalhão. Quando chegava na cidade, já tinha o caixão. Aí eles jogavam aquele negócio fora com lençol e tudo. Na entrada do povoado, tinha muito banguê abandonado.
E mesmo que a pessoa morresse de madrugada, o povo fazia questão de fazer o velório, porque era uma festa. Interessante, não havia desrespeito. O povo respeita muito o cadáver. Algumas pessoas ficavam lá onde estava o defunto, com véu, com os filhos, e algumas pessoas rezando o terço. Mas na parte da cozinha, tava fervendo de gente. Fazia-se quitanda, não havia padaria. O povo não comia pão, comia era quitanda. Bolo, biscoito, broa, a turma era exímia a fazer isso aí. Então, pra uma cidade simples, era uma festa. Falava muito baixinho e comia à vontade. Não deixava faltar nada e tinha as pessoas que iam se revezando ao fazer o café. E outra coisa, a vizinhança trazia tudo: o açúcar, farinha, até os bules, trazia o que precisasse.
E quando os prefeitos quiseram construir um velório, inicialmente não houve aceitação da parte do povo. “Defunto meu é na minha casa”, eles falavam. Mas a mentalidade foi mudada.
Quando a pessoa está agonizando, mas não morre, o povo fala “termo”. Então quando o enfermo faz termo, sabe que vai morrer, eles chamavam uma senhora que estava amamentando, tiravam o leite dela e davam pra ele beber. Era pra dar força pra ele morrer. Porque tá sem força pra morrer. Então no ambiente deles, pra morrer precisa ter força. A sessão de defunto acho que acabou.
* * *
Não existia maternidade. Os nascimentos eram feitos aqui mesmo, e tinha a parteira, aquela que faz o parto. A profissão de parteira é passada de mãe pra filha e assim vai. Vocês sabem o que colocava no umbigo? Era tabaco com azeite de mamona. Geralmente, a parteira fica sendo a madrinha. E a família não pagava não. Dava frango, quando podia mais dava uma leitoinha.
Outro costume era não cortar a unha do bebê antes do batizado. Resultado: a gente via a criancinha bonitinha no colo da mãe, mas as unhas pretas de sujeira, porque sem querer sujava, né? Aí eu falava: “Não me tragam criança com unha grande aqui pra batizar, senão eu não faço”. Aí corrigiu isso. Era mais uma simpatia, eles falavam a expressão “não presta”.
Até o sétimo dia depois do nascimento, não se visita a criança. A mãe não aceita. Eu era padre novo aqui e umas tantas vezes a família, a mãe ou a mulher que ia ganhar neném ia lá em casa: “seu padre, eu vim trazer a minha filha aqui, já tá chegadinha”. Eles usavam essa expressão “chegadinha” e falavam: “seu padre, o senhor podia me emprestar uma camisa sua pra minha filha usar pra ganhar neném? Dizem que é bom.” Eu expliquei pra ela que em troca da camisa eu dei bênçãos, uma série de coisas e eles aceitaram.
* * *
Na quaresma, toda sexta-feira rezava-se pra alma a partir da meia-noite. Passava na frente da igreja, no cemitério, e ia pelas ruas tocando uma matraca e o povo ia atrás, rezando pelas ruas. E pára onde o povo quer que pára. Não era uma oração qualquer, eram orações feitas por eles. Cheguei a pegar uma série de preces pedindo a proteção de Deus. Que não deixasse o demônio tomar conta da nossa vida. Eu senti não guardar as orações por escrito, porque era uma coisa bonita. Hoje eu acredito que faz parte do folclore, porque o povo acreditava.
As festas religiosas eu notei logo que cheguei. A principal é a da padroeira, Nossa Senhora do Carmo. Era uma referência na vida da população. Então era a festa mais importante, mais do que qualquer coisa. Nesta festa, fazia-se tudo. Negócio, encontro de compadre e comadre, era uma coisa preparada com muita antecedência. E existia também a carrada, e eu não sabia o que era isso. O povo vinha de carro de boi e trazia tudo, os colchões de palha, a família, as quitandas, panelas, latas, cadeiras, carne na lata de gordura, frango no varal. E fazia várias viagens. Geralmente, eles tinham uma casa aqui em Luminárias pra assistir a festa. Mas trazia tudo da casa deles da zona rural. Só o marido voltava pra roça pra cuidar das criações. Então a festa era animada. Todo mundo estreava roupa nova. Ninguém comprava roupa fora do período da festa. A integração social era feita na festa da padroeira. As mulheres compravam vestido novo e o calçado era novo, mas não usavam, saíam descalças mesmo. E ninguém achava ruim. Ninguém criticava e ninguém ria delas.
A festa era uma referência pra tudo. Para os políticos, para a família. E quando terminava a festa, o povo custava a ir embora. Hoje, como é que as coisas mudaram, né? Inverteu. Hoje todo mundo tem casa permanente aqui e uma casinha lá. Às vezes, era mais de uma semana de festa. Então nessa festa havia a parte religiosa, que era seguida à risca. Todo o povo ia, mas na hora que acabava a “comissão”, começava a outra parte, que era o pagode. Mas o pagode não era dentro de casa, era na rua. Às vezes, fazia um tablado, pro povo dançar melhor. Tinham as barraquinhas pro povo comer. E era onde nascia os namoros às vezes até os casamentos. Porque não havia outra ocasião.
Diz a lenda que na serra, surgia pontos luminosos que brilhavam. O que eu penso é que, quando chove, desce muita água da serra. O sol sai e a enxurrada continua jorrando. Então esses pontos luminosos são coisa natural, não tem nada de espiritual ou religioso. Aí gerou o nome Nossa Senhora do Carmo das Luminárias, mas não eram pontos luminosos era o brilho da água correndo com o sol da tarde. Então dá a aparência de pontos luminosos.
Quando eu fui nomeado pra cá, eu achei que a padroeira daqui fosse Nossa Senhora das Candeias. Mas aí que me contaram a história. O mais aceitável é essa versão.
Os antigos olhavam o tempo e falavam se ia chover ou não. Hoje eles falam que não sabem mais nada por que o tempo alterou tudo. Eles ficaram meio desiludidos, porque não sabem mais. Essa era a sabedoria deles. O feijão das secas era o melhor feijão. O das águas era pior, porque era mais molhado.
fonte: http://museudaoralidade.org.br/blog/2011/01/nao-tinha-luz-nao-tinha-agua-encanada/

[ E para encerrar o mês de Nossa Senhora em nosso blog, trazemos esta homilia do Papa Bento XVI sobre São Bernardo de Claraval, o Poeta de Nossa Senhora...]
Oração a Nossa Senhora, composta por São Bernardo de Claraval
A
festa de Nossa Senhora do Rosário deste ano foi marcada pela fé, pelo
empenho de todos os envolvidos, pela dedicação e amor a Mãe e Rainha do
Rosário. Pelo segundo ano seguido a festa começou na sexta-feira, esse
ano em razão do retiro espiritual do clero diocesano. Na madrugada de
sexta, como de costume aconteceu a alvorada festiva pela Coorporação
Musical Santa Cecília de Ibituruna, fogos e músicas deram o aviso do
início da festa.
Durante
todo o domingo a cidade recebeu mais de 40 ternos de moçambique e
congado de toda nossa diocese e dioceses vizinhas. Os grupos se
concentraram para o almoço no Clube Serra Negra e depois saíram em
direção a casa do Senhor Pedro Ramos, onde buscaram os Reis e Rainhas da
Festa, junto a imagem de São Benedito. Todos os ternos se apresentaram
em frente a Igreja do Rosário.
A noite a majestosa procissão de Nossa Senhora do Rosário ganhou as ruas do Rosário e também do setor São Gonçalo. Na chegada da Procissão foi celebrada a missa campal com o tema: Maria, coração proclamador da misericórdia. Em sua homilia padre Rogério contou a historia da Virgem do Rosário, de como é venerada desde meados do século XVI, e a devoção especial que os negros perpetuaram para as gerações. Padre Rogério rezou e agradeceu a todos pela disponibilidade, pelo carinho com os festejos e destacou a força e alegria dos Grupos de Congada e Moçambique da paróquia, que desde o levantamento dos mastros no começo de Junho vinham visitando os bairros e levando a flâmula para visitar as casas das famílias católicas.
Para
terminar a festa como de costume, todos se encaminharam para o
descimento dos mastros. É uma crença popular na cidade que todos que
estiverem presentes no levantamento ou no descimento dos mastros estarão
presentes na festa do ano seguinte. A festa terminou e deixou em todos o
gostinho de quero mais.
A Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Carrancas, cujo pároco há mais de 50 anos é o saudoso Monsenhor Jair, se despede esta semana dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude.
A despedida foi na Comunidade de Capela do Saco.
A comunidade que fica às Margens do Lago de Camargos e é um antigo povoado, daqueles que tem até um cemitério na porta da Igreja e faz parte do Trageto Original da Estrada Real.
Monsenhor
Jair também estava bastante animado e apesar de ser um dos Patriarcas
da Diocese, um dos sacerdotes mais velhos do nosso bispado, se mostrou
com Espírito Jovem, como podemos conferir nas fotos a
seguir.Percebemos também no animo do querido sacerdote de Carrancas uma
motivação e incentivo para os outros padres mais jovens do nosso clero,
que as vezes se mostram um pouco desanimados para as atividades
religiosas.Cnfira as fotos postadas no blog da Paróquia de Carrancas dos
dias que aquela comunidade paroquial recebeu os símbolos da JMJ.:
O
Cruzeiro que ainda existe naquele lugar foi reconstruído em 1996, mas
as pedras que o sustentam são as mesmas sobre as quais rezaram por muito
tempo o Padre Inácio Franco Torres e um outro padre, filho da nossa
cidade, citado pelos moradores antigos como filho de escravos e que se
fez padre em Mariana e muitos dos nossos antepassados.
Apesar
da monocultura de Eucaliptos dominarem a paisagem, o velho cruzeiro
resiste ao tempo, assim como o cemitério do antigo arraial, cujos muros
ainda estão todos de pé e onde ainda existem algumas lápides e a parede
da capela do Arraial, que ficava dentro do cemitério e que foi
construída de adobes permanece de pé.Também alguns alicerces de casa e
rua principal do arraial ainda permanecem ali.
"Existem
relatos históricos de que Ingaí já era povoada na segunda metade do
século 17, as primeiras casas surgiram por volta de 1775 por liderança
do padre e pároco Inácio Franco Torres.
Em agosto de 1890 aconteceu o famoso incidente, um sério desacordo entre os moradores do ainda povoado conhecido como Arraial da Ponte. Um grupo de 14 moradores liderados pelo capitão Francisco Pinto de Souza resolveram sair do Arraial da Ponte e foram instalar-se num novo local, conhecido como "Aliança".
Construíram uma igreja e as pessoas começaram a edificar suas casas, mais tarde a localidade ficou conhecido como Pinheirinho e a igreja matriz como Igreja Matriz de São Sebastião, pois a criação do povoado se concretizou no dia 20 de janeiro (dia do mártir São Sebastião).
Com o desenvolvimento do novo vilarejo, as famílias se mudaram do antigo Arraial da Ponte para o povoado de Pinheirinho que mais tarde pertenceria ao município de Itumirim."
Confira mais fotos da missa rezada aos pés do cruzeiro da ponte neste fim de semana:
Quem acessa nosso blog e se atenta aos detalhes da página, certamente já notou no canto esquerdo da tela uma mensagem com os dizeres : "É sempre bom manter oculto os segredos de um rei, mas é necessário que se propaguem e sejam divulgadas as obras de Deus" Tb 12;7 , pois bem, esta foi a frase inspiradora para a criação deste trabalho de Comunicação social da nossa igreja, ela foi extraída do Livro de Tobias, da Biblía Católica(as traduções protestantes excluem este e outros livros das sagradas escrituras), é uma frase que foi dita Pelo Anjo Rafael, um dos sete Anjos que estão sempre na presença de Deus e um dos 3 arcanjos da Igreja Católica.São Rafael é o protetor do nosso blog.Confira a seguir uma interessante grande reportagem sobre São Rafael e toda a história de Tobias, lembrada por São João Bosco
São
João Bosco escreveu a história sagrada pondo em linguagem acessível a
seus jovens alunos as comoventes passagens bíblicas. Destas, uma das
mais belas é a narração da viagem de Tobias, que teve por anjo da guarda
o próprio São Rafael, "um dos sete espíritos que estamos continuamente na presença de Deus".Enviado
pelo pai - também chamado Tobias - a uma terra desconhecida, o jovem
viajante pediu a um desconhecido que o acompanhasse, o qual era um anjo
que assumira aspecto humano, e que dissera conhecer o caminho.
Tobias, além de cumprir a missão retornou com um remédio para curar a
cegeira que seu genitor adquirira em um acidente. Recobrada a visão,
pôde o velho Tobias ver a esposa do filho - que se casara na viagem - e
as riquezas trazidas no retorno. E, para surpresa de todos, no momento
dos agradecimentos o guia da viagem revelou-se como sendo o arcanjo
Rafael.São Rafael é atualmente considerado como o padroeiro dos viajantes.
VIVA ELA ! ! !
Essa frase marcou a vida do povo Luminarense, os filhos amados de Nossa Senhora do Carmo, padroeira daquela cidade e Paróquia.
Nas missas das crianças na matriz de Luminárias, durantes várias
longas décadas, depois da comunhão, durante os ritos finais, era comum o
Monsenhor Waldyr com grande eloquência e muitas vezes sem que ninguém
estivesse esperando, bradar com muita alegria o seu tradicional Viva Ela
!!! Ela, todas as crianças e adultos já sabiam que era Nossa Senhora do
Carmo, a Mãe de Jesus Cristo.Nossa Amda e Venerada Rainha.
Apoxima se do seu grande dia, 16 de Julho é o dia de Nossa Senhora do
Carmo, padroeira de duas Paróquias e cidades vizinhas, Luminárias na
nossa diocese de São João del Rei e Carmo da Cachoeira na diocese da
Campanha.
MÊS DE NOSSA SENHORA DO CARMO - MONSENHOR WALDYR . . .
E POR SER O MÊS DE NOSSA SENHORA DO CARMO, SEGUE ABAIXO UM TEXTO SOBRE O NOSSO PRIMEIRO PÁROCO E SEMPRE PÁROCO DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DO CARMO DE LUMINÁRIAS, MONSENHOR WALDYR HENRIQUE MANCINI

Padre Waldyr Mancini, de Luminárias (MG)
Sou de Três Corações, sou o mais velho de nove irmãos. Desde criança manifestei desejo de ir para o seminário, mas ninguém acreditava porque eu era bagunceiro, não gostava de estudar. Me ordenei padre em 1956 e tomei posse aqui em 10 de fevereiro de 1957, nessa paróquia de Luminárias.
Tem um documento que o bispo nos dá, chama-se Provisão, e na Provisão constava assim: “será pároco de Luminárias durante o período de três anos enquanto não mandarmos o contrário.” Acontece que ele não mandou o contrário e faz mais de 50 anos que eu estou aqui na paróquia, né?
Quando eu cheguei em Luminárias eu estranhei muito, a cidade era muito pequenininha, não tinha luz, não tinha água encanada. Tinha uma torneira onde o povo todo recolhia água. E a luz, praticamente não tinha energia elétrica. Tinha na igreja, porque um farmacêutico, Arthur Moura Maia, o Tuca, tinha um conjunto elétrico, então ele fornecia luz elétrica na igreja e na casa paroquial, mas por muitos anos não tinha nada disso.
A cidade não era calçada, era então muito pobre e tinha acabado de ter havido a emancipação política. Foi em dezembro de 49 que houve a emancipação política. Estava nesse trabalho de se organizar e começar a andar como qualquer município.
A princípio, quando eu cheguei aqui, havia apenas uma escola. Antigamente falava-se assim “grupo escolar”. Havia só uma escola na cidade e duas escolinhas na zona rural. A escola é onde ainda hoje está. Ela era estadual, hoje ela é Escola Municipal Francisco Diniz. Depois eu criei o Ginásio. Criamos com duas salas, hoje nós estamos com um número imenso de alunos e tem segundo grau.
Com a ajuda de alguns amigos políticos nós conseguimos ter a nossa usina hidroelétrica e durante muitos anos ela serviu. Mas o município não suportou sustentar uma usina. A usina foi feita pra ajudar mesmo a população, então não se tinha condição de se cobrar taxas. Resultado: o município não aguentou, ela foi desativada e então veio a Cemig. Mas foi muito bonita essa caminhada do povo de Luminárias, todos se uniram, houve aquela garra, nós temos que ter a nossa energia elétrica porque nós temos uma riqueza imensa, uma queda d’água.
Nesse tempo, eu me identifiquei com o povo daqui, com o modo de agir, o modo de viver. A igreja antiga sempre foi chamada de Igreja Velha. Quando eu vim pra cá, nomeado pelo bispo Inocêncio Engelke, que era de diocese de Campanha, ele sabia da situação da Igreja. Ela estava muito estragada. Ele disse: “você chegando lá, pode desmanchar essa igreja”. Porque a outra, a Matriz Nova, já estava sendo feita desde 1950. Hoje ela está ali no centro, mas nós sabemos que o centro da cidade era em volta da Igreja Velha. A cidade expandiu, o centro da Igreja Velha ficou para trás e o centro ficou em torno da Matriz Nova, que onde nós trabalhamos hoje. Eu vi o estado da Igreja Velha, estava muito ruim mesmo. As paredes estavam muito estragadas, mas eu achei que desmanchar seria um crime. Havia alguma coisa histórica ali e eu aguardei vinte e tantos anos.
Os primeiros habitantes que vieram aqui foram liderados por uma senhora, Maria José do Espírito, e ela trouxe uma imagenzinha de 60 cm de Nossa Senhora do Carmo. Ela se estabeleceu onde nós chamamos na parte baixa da cidade. Consta, aí já não tem nada escrito, que ela teria chegado com sua família pra explorar ouro que havia, aqui na área. Ela teria plantado um cruzeirinho. E em volta desse cruzeirinho rezava-se as orações. Era uma imagem de madeira, que tem muito valor histórico por que ninguém sabe quem fez. Do cruzeirinho ela fez uma ermida, e depois uma capela. Então atrás dessa capelinha ela fez uma capela maior, e assim foi indo, foi indo até que ela fez a igreja, uma igreja bem maior. Depois fizeram um frontispício em frente à igreja, a igreja ganhou uma sacristia e aí foi indo. A comunidade ajudou a fazer e interessante que na reforma de 1985, os pedreiros não encontravam o ângulo certo para consertar o telhado. Descobrimos que havia a diferença de meio metro no esquadro da igreja. Tinha também uma varanda do lado direito de quem entra que também está fora do esquadro.
A igreja foi feita por etapas. Um vinha dois ou três dias da semana, parava e vinha outro. Resultado: um perdia o fio da meada e quem dava continuidade ao serviço nem conferia as medidas e a igreja ficou fora do esquadro. Quando eu fiz a reforma, eu tive que deixar e respeitei até o erro de construção, eu conservei pra identidade da igreja.
Ao lado da igreja, até hoje tem lá um chafariz, onde se pegava água. Isso faz parte do conjunto, e nas costas dele tem gravado uma placa de alumínio com uma poesia que um filho de Luminárias, o professor Vicente Mesquita, que morava aí, fez.
Não havia água encanada em Luminárias pra todo mundo. Havia água encanada em alguns pontos da cidade, e o chafariz da igreja velha era um deles. Interessante que isso eu cheguei a assistir: a pessoa chegava cedo no chafariz e punha a lata pra encher de água. Quando o segundo chegava já encontrava uma lata lá, e colocava a lata dele em seguida. Então a fila não era de pessoas, era de latas, as latas iam enfileiradas. Uma vez que eu enchia a lata, eu tinha delicadeza de tirar a minha lata cheia e punha a outra. Ali as pessoas punham em dia os assuntos da semana, as chamadas “fofocas”.
* * *
Quando eu fiz a reforma da igreja, ia preparar o terreno e do lado esquerdo nós encontramos muitas ossadas. Era comum as pessoas serem enterradas ao lado das igrejas. Já havia um outro cemitério, no bairro Bela Vista, construído pelos escravos. Quando nós reformamos esse cemitério, deixamos um ossário, onde colocamos os esqueletos achados na reforma da Igreja Velha. Não encontramos, mexendo no assoalho, nenhuma sepultura. Então isso está escrito no livro do tombo da paróquia, só que eu perdi a conta de quantas ossadas nós tiramos. Era bastante, e ali não tem mais nada, tá tudo guardado no cemitério.
Um costume que eu encontrei aqui em Luminárias, eu estranhei porque não sabia disso. Havia uma família que era especialista, principalmente uma senhora chamada Maria do seu Benevides. Ela era uma senhora de valor dentro da comunidade. Quando uma pessoa da família estava com uma doença muito prolongada, ela ficava com o doente até o final. E esse final era uma lavagem. Uma vez eu perguntei pro médico: “por causa de quê?” Ele disse: “É explicável. Eles tinham medo de dar banho na pessoa doente, o banho talvez piorasse a situação da enfermidade”. Então não se dava banho na pessoa enferma. Quando morria, a situação não estava agradável. E ela tinha uma bacia enorme. Ia lá na torneira, enchia a bacia d’água, dava um banho. Aí eu perguntei: “mas era na água quente?” A senhora muito simplesmente disse: “água quente pra quê? Já tava morto!” E outra coisa: o sabão usado era chamado sabão de cinza, ou sabão preto. Você põe a cinza no barreleiro, punha água, e aí colocava o resíduo ou caldo, ia coando, e ali fazia o sabão. O sabão preto era poderosíssimo, talvez seja o melhor detergente que eu conheci na minha vida.
Outra coisa: era hábito, comprava-se sapato e punha no defunto. Sapato novinho, muitas vezes eu fiz encomedação, de família pobre, mas de sapato, com selo ainda. Porque tudo o que a gente comprava tinha um selo da receita estadual. Não tirava o selo e às vezes nem meia calçava.
E quando morria alguém, o pai, a mãe, o esposo e a esposa vestiam-se em luto fechado. Fazia a roupa preta. Desde a missa de sétimo dia, a viúva ficava um ano usando só roupa preta. Houve um caso cômico. Um senhor idoso, ele chamava Narico, perdeu a mulher e mandou fazer a camisa preta. Então, na missa de sétimo dia, tava todo mundo de preto. Mas ele era muito pobre, não só ele, mas muitas outras pessoas. Eles faziam só a frente da camisa e a pessoa vestia, amarrava no pescoço e na cintura, com colarinho, mas com as costas nuas. E aí que veio a parte interessante. Numa festa que houve um leilão de gado, uma reis escapou do curral, naquela correria danada, um senhor tirou um paletó, pra ajudar a segura aquela reis, né? E ele esqueceu que estava com aquele tipo de camisa. Nós todos rimos demais e ele não sabia, achou que ele tava abafando ali. Era uma pessoa muito pobre, não tinha condição de fazer uma camisa inteira, só a parte da frente.
Outra coisa que eu não conhecia: banguê. Banguê é uma palavra africana. É uma árvore que eles cortam, não muito grossa, tem uns 15 centímetros de espessura. E se uma pessoa falece muito longe, como é que vai carregar? Não tem condução, não vai caminhão. Como é que traz? Tem que trazer nas costas. Então eles pegavam um lençol, amarravam naquela haste, colocava-se o defunto, e ele ficava como se estivesse numa rede. Iam revezando, cada pessoa carregava um pouquinho. era pesado, dava um trabalhão. Quando chegava na cidade, já tinha o caixão. Aí eles jogavam aquele negócio fora com lençol e tudo. Na entrada do povoado, tinha muito banguê abandonado.
E mesmo que a pessoa morresse de madrugada, o povo fazia questão de fazer o velório, porque era uma festa. Interessante, não havia desrespeito. O povo respeita muito o cadáver. Algumas pessoas ficavam lá onde estava o defunto, com véu, com os filhos, e algumas pessoas rezando o terço. Mas na parte da cozinha, tava fervendo de gente. Fazia-se quitanda, não havia padaria. O povo não comia pão, comia era quitanda. Bolo, biscoito, broa, a turma era exímia a fazer isso aí. Então, pra uma cidade simples, era uma festa. Falava muito baixinho e comia à vontade. Não deixava faltar nada e tinha as pessoas que iam se revezando ao fazer o café. E outra coisa, a vizinhança trazia tudo: o açúcar, farinha, até os bules, trazia o que precisasse.
E quando os prefeitos quiseram construir um velório, inicialmente não houve aceitação da parte do povo. “Defunto meu é na minha casa”, eles falavam. Mas a mentalidade foi mudada.
Quando a pessoa está agonizando, mas não morre, o povo fala “termo”. Então quando o enfermo faz termo, sabe que vai morrer, eles chamavam uma senhora que estava amamentando, tiravam o leite dela e davam pra ele beber. Era pra dar força pra ele morrer. Porque tá sem força pra morrer. Então no ambiente deles, pra morrer precisa ter força. A sessão de defunto acho que acabou.
* * *
Não existia maternidade. Os nascimentos eram feitos aqui mesmo, e tinha a parteira, aquela que faz o parto. A profissão de parteira é passada de mãe pra filha e assim vai. Vocês sabem o que colocava no umbigo? Era tabaco com azeite de mamona. Geralmente, a parteira fica sendo a madrinha. E a família não pagava não. Dava frango, quando podia mais dava uma leitoinha.
Outro costume era não cortar a unha do bebê antes do batizado. Resultado: a gente via a criancinha bonitinha no colo da mãe, mas as unhas pretas de sujeira, porque sem querer sujava, né? Aí eu falava: “Não me tragam criança com unha grande aqui pra batizar, senão eu não faço”. Aí corrigiu isso. Era mais uma simpatia, eles falavam a expressão “não presta”.
Até o sétimo dia depois do nascimento, não se visita a criança. A mãe não aceita. Eu era padre novo aqui e umas tantas vezes a família, a mãe ou a mulher que ia ganhar neném ia lá em casa: “seu padre, eu vim trazer a minha filha aqui, já tá chegadinha”. Eles usavam essa expressão “chegadinha” e falavam: “seu padre, o senhor podia me emprestar uma camisa sua pra minha filha usar pra ganhar neném? Dizem que é bom.” Eu expliquei pra ela que em troca da camisa eu dei bênçãos, uma série de coisas e eles aceitaram.
* * *
Na quaresma, toda sexta-feira rezava-se pra alma a partir da meia-noite. Passava na frente da igreja, no cemitério, e ia pelas ruas tocando uma matraca e o povo ia atrás, rezando pelas ruas. E pára onde o povo quer que pára. Não era uma oração qualquer, eram orações feitas por eles. Cheguei a pegar uma série de preces pedindo a proteção de Deus. Que não deixasse o demônio tomar conta da nossa vida. Eu senti não guardar as orações por escrito, porque era uma coisa bonita. Hoje eu acredito que faz parte do folclore, porque o povo acreditava.
As festas religiosas eu notei logo que cheguei. A principal é a da padroeira, Nossa Senhora do Carmo. Era uma referência na vida da população. Então era a festa mais importante, mais do que qualquer coisa. Nesta festa, fazia-se tudo. Negócio, encontro de compadre e comadre, era uma coisa preparada com muita antecedência. E existia também a carrada, e eu não sabia o que era isso. O povo vinha de carro de boi e trazia tudo, os colchões de palha, a família, as quitandas, panelas, latas, cadeiras, carne na lata de gordura, frango no varal. E fazia várias viagens. Geralmente, eles tinham uma casa aqui em Luminárias pra assistir a festa. Mas trazia tudo da casa deles da zona rural. Só o marido voltava pra roça pra cuidar das criações. Então a festa era animada. Todo mundo estreava roupa nova. Ninguém comprava roupa fora do período da festa. A integração social era feita na festa da padroeira. As mulheres compravam vestido novo e o calçado era novo, mas não usavam, saíam descalças mesmo. E ninguém achava ruim. Ninguém criticava e ninguém ria delas.
A festa era uma referência pra tudo. Para os políticos, para a família. E quando terminava a festa, o povo custava a ir embora. Hoje, como é que as coisas mudaram, né? Inverteu. Hoje todo mundo tem casa permanente aqui e uma casinha lá. Às vezes, era mais de uma semana de festa. Então nessa festa havia a parte religiosa, que era seguida à risca. Todo o povo ia, mas na hora que acabava a “comissão”, começava a outra parte, que era o pagode. Mas o pagode não era dentro de casa, era na rua. Às vezes, fazia um tablado, pro povo dançar melhor. Tinham as barraquinhas pro povo comer. E era onde nascia os namoros às vezes até os casamentos. Porque não havia outra ocasião.
Diz a lenda que na serra, surgia pontos luminosos que brilhavam. O que eu penso é que, quando chove, desce muita água da serra. O sol sai e a enxurrada continua jorrando. Então esses pontos luminosos são coisa natural, não tem nada de espiritual ou religioso. Aí gerou o nome Nossa Senhora do Carmo das Luminárias, mas não eram pontos luminosos era o brilho da água correndo com o sol da tarde. Então dá a aparência de pontos luminosos.
Quando eu fui nomeado pra cá, eu achei que a padroeira daqui fosse Nossa Senhora das Candeias. Mas aí que me contaram a história. O mais aceitável é essa versão.
Os antigos olhavam o tempo e falavam se ia chover ou não. Hoje eles falam que não sabem mais nada por que o tempo alterou tudo. Eles ficaram meio desiludidos, porque não sabem mais. Essa era a sabedoria deles. O feijão das secas era o melhor feijão. O das águas era pior, porque era mais molhado.
fonte: http://museudaoralidade.org.br/blog/2011/01/nao-tinha-luz-nao-tinha-agua-encanada/
SÃO BERNARDO DE CLARAVAL, O POETA DE NOSSA SENHORA

[ E para encerrar o mês de Nossa Senhora em nosso blog, trazemos esta homilia do Papa Bento XVI sobre São Bernardo de Claraval, o Poeta de Nossa Senhora...]
Queridos irmãos e irmãs:
Hoje,
eu gostaria de falar sobre São Bernardo de Claraval, chamado de “o
último dos Padres” da Igreja, porque no século XII, mais uma vez, ele
renovou e fez presente a grande teologia dos padres.
Não
conhecemos em detalhe os anos da sua juventude; sabemos, contudo, ele
nasceu em 1090 em Fontaines, na França, em uma família numerosa e
discretamente acomodada. Ainda muito jovem, dedicou-se ao estudo das
chamadas artes liberais – especialmente da gramática, retórica e
dialética – na Escola dos Canônicos da igreja de Saint-Vorles, em
Châtillon-sur-Seine, e amadureceu lentamente a decisão de entrar na
vida religiosa.
Por volta dos 20 anos,
entrou em Cîteaux (Cister, N. da T.), uma fundação monástica nova,
mais ágil com relação dos antigos e veneráveis mosteiros de então e, ao
mesmo tempo, mais rigorosa na prática dos conselhos evangélicos.
Alguns anos mais tarde, em 1115, Bernardo foi enviado por Santo Estêvão
Harding, terceiro abade de Cister, a fundar o mosteiro de Claraval
(Clairvaux). O jovem abade, com somente 25 anos, pôde aqui afinar sua
própria concepção da vida monástica e empenhar-se em traduzi-la à
prática. Observando a disciplina de outros mosteiros, Bernardo falou
com decisão da necessidade de uma vida sóbria e comedida, tanto à mesa
como na indumentária e nos edifícios monásticos, recomendando a
sustentação e o cuidado dos pobres. Entretanto, a comunidade de
Claraval era cada vez mais numerosa e multiplicava suas fundações.
Nessa
mesma época, antes de 1130, Bernardo empreendeu uma vasta
correspondência com muitas pessoas, tanto importantes como de modestas
condições sociais. Às muitas cartas deste período, é preciso
acrescentar os numerosos Sermões, como também Sentenças e Tratados.
Destaca-se também, nesses anos, a grande amizade de Bernardo com
Guilherme, abade de Saint-Thierry, e com Guilherme de Champeaux, uma
das figuras mais importantes do século XII.
De
1130 em diante, começou a ocupar-se de muitas e graves questões da
Santa Sé e da Igreja. Por este motivo, teve de sair mais frequentemente
do seu mosteiro, inclusive fora da França. Fundou também alguns
mosteiros femininos e foi protagonista de um vivo epistolário com Pedro o
Venerável, abade de Cluny, sobre quem falei na última quarta-feira.
Ele
dirigiu seus escritos polêmicos sobretudo contra Abelardo, um grande
pensador que iniciou uma nova forma de fazer teologia, introduzindo o
método dialético-filosófico na construção do pensamento teológico. Outra
frente contra a qual Bernardo lutou foi a heresia dos Cátaros, que
desprezavam a matéria e o corpo humano, desprezando, por conseguinte, o
Criador. Ele, no entanto, sentiu-se no dever de defender os judeus,
condenando os cada vez mais difundidos brotos de antissemitismo. Por
este último aspecto de sua ação apostólica, algumas décadas mais tarde,
Epharim, rabino de Bonn, dedicou a Bernardo uma vibrante homenagem.
Nesse mesmo período, o santo abade escreveu suas obras mais famosas,
como os celebérrimos Sermões sobre o Cântico dos cânticos.
Nos
últimos anos da sua vida – ele faleceu em 1153 –, Bernardo teve de
limitar as viagens, ainda que sem interrompê-las totalmente. Aproveitou
para revisar definitivamente o conjunto das Cartas, dos Sermões e dos
Tratados. Vale a pena mencionar um livro bastante particular, que ele
terminou precisamente nesse período, em 1145, quando um aluno seu,
Bernardo Pignatelli, foi eleito Papa com o nome de Eugênio III. Nessa
circunstância, Bernardo, em qualidade de pai espiritual, escreveu a esse
filho espiritual o texto De Consideratione, que contém ensinamentos
para poder ser um bom papa. Nesse livro, que continua sendo uma leitura
conveniente para os papas de todos os tempos, Bernardo não indica
somente como ser um bom papa, mas expressa também uma profunda visão do
mistério da Igreja e do mistério de Cristo, que se resolve, no final,
com a contemplação do mistério de Deus uno e trino: “Deveria prosseguir
ainda a busca desse Deus que ainda não foi bastante buscado – escreve o
santo abade –, mas talvez se possa buscar e encontrar mais facilmente
coma oração que com a discussão. Terminemos, portanto, aqui o livro,
mas não a busca” (XIV, 32: PL 182, 808).
Eu
gostaria de deter-me somente em dois aspectos centrais da rica
doutrina de Bernardo: estes se referem a Jesus Cristo e a Maria
Santíssima, sua Mãe. Sua solicitude pela íntima e vital participação do
cristão no amor de Deus em Jesus Cristo não traz orientações novas no
status científico da teologia. Mas, de forma mais decidida que nunca, o
abade de Claraval configura o teólogo com o contemplativo e o místico.
Só
Jesus – insiste Bernardo, frente às complexas reflexões dialéticas do
seu tempo – é “mel na boca, cântico no ouvido, júbilo no coração” (mel
in ore, in aure melos, in corde iubilum). Daqui provém o título,
atribuído a ele pela tradição, de Doctor mellifluus: seu louvor a Jesus
Cristo “se derrama como o mel”.
Nas
extenuantes batalhas entre nominalistas e realistas – duas correntes
filosóficas da época –, o abade de Claraval não se cansa de repetir que
só há um nome que conta, o de Jesus Nazareno. “Árido é todo alimento da
alma – confessa – se não for tocado por este óleo; é insípido se não
for temperado com este sal. O que escreves não tem sabor para mim, se
não leio nele Jesus”. E conclui: “Quando discutes ou falas, nada tem
sabor para mim, se não sinto ressoar o nome de Jesus” (Sermões em
Cantica Canticorum XV, 6: PL 183,847). Para Bernardo, de fato, o
verdadeiro conhecimento de Deus consiste na experiência pessoal,
profunda, de Jesus Cristo e do seu amor. E isso, queridos irmãos e
irmãs, vale para todo cristão: a fé é, antes de mais nada, um encontro
pessoal e íntimo com Jesus; é fazer a experiência da sua proximidade,
da sua amizade, do seu amor, e somente assim se aprende a conhecê-lo
cada vez mais, a amá-lo e segui-lo cada vez mais. Que isso possa
acontecer com cada um de nós!
Em outro
célebre sermão do domingo dentro da oitava da Assunção, o santo abade
descreveu em termos apaixonados a íntima participação de Maria no
sacrifício redentor do seu Filho: “Ó santa Mãe – exclama –,
verdadeiramente uma espada transpassou tua alma! (...) Até tal ponto a
violência da dor transpassou tua alma, que com razão podemos te chamar
mais que mártir, porque em ti a participação na paixão do Filho superou
muito em intensidade os sofrimentos físicos do martírio” (14: PL
183,437-438).
Bernardo não hesita:
"per Mariam ad Iesum": através de Maria somos conduzidos a Jesus. Ele
confirma com clareza a subordinação de Maria a Jesus, segundo os
fundamentos da mariologia tradicional. Mas o corpo do Sermão documenta
também o lugar privilegiado da Virgem na economia da salvação, dada sua
particularíssima participação como Mãe (compassio) no sacrifício do
Filho. Não por acaso, um século e meio depois da morte de Bernardo,
Dante Alighieri, no último canto da “Divina Comédia”, colocará nos
lábios do Doutor melífluo a sublime oração a Maria: “Virgem Mãe, filha
do teu Filho/ humilde e mais alta criatura / término fixo do eterno
conselho...” (Paraíso 33, vv. 1ss.).
Estas
reflexões, características de um enamorado de Jesus e de Maria, como
São Bernardo, provocam ainda hoje, de forma saudável, não somente os
teólogos, mas todos os crentes. Às vezes se pretende resolver as
questões fundamentais sobre Deus, sobre o homem e sobre o mundo com as
únicas forças da razão. São Bernardo, ao contrário, solidamente fundado
na Bíblia e nos Padres da Igreja, recorda-nos que sem uma profunda fé
em Deus, alimentada pela oração e pela contemplação, por uma relação
íntima com o Senhor, nossas reflexões sobre os mistérios divinos correm
o risco de serem um vão exercício intelectual e perdem sua
credibilidade. A teologia reenvia à “ciência dos santos” a sua intuição
dos mistérios do Deus vivo, a sua sabedoria, dom do Espírito Santo,
que são ponto de referência do pensamento teológico.
Junto
a Bernardo de Claraval, também nós devemos reconhecer que o homem
busca melhor e encontra mais facilmente Deus “com a oração que com a
discussão”. No final, a figura mais verdadeira do teólogo continua sendo
a do apóstolo João, que apoiou sua cabeça no coração do Mestre.
Eu
gostaria de concluir estas reflexões sobre São Bernardo com as
invocações a Maria, que lemos em sua bela homilia: “Nos perigos, nas
angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Que seu nome nunca
se afaste de teus lábios, jamais abandone teu coração; e para alcançar
o socorro da intercessão dela, não negligencies os exemplos de sua
vida. Seguindo-a, não te transviarás; rezando a Ela, não desesperarás;
pensando nela, evitarás todo erro. Se Ela te sustenta, não cairás; se
Ela te protege, nada terás a temer; se Ela te conduz, não te cansarás;
se Ela te é favorável, alcançarás o fim” (Hom. II super “Missus est”,
17: PL 183, 70-71).
[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]
Amados
brasileiros do Rio de Janeiro e demais peregrinos de língua
portuguesa, com afeto, a todos saúdo e abençoo, desejando que a vossa
peregrinação até junto do túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo reforce,
em cada um, a sua fé. Esta é, antes de tudo, encontro íntimo e pessoal
com Jesus Cristo. Que esta experiência vos leve a conhecê-lo, amá-lo e
segui-lo cada vez mais! Ide co
m Deus!

Oração a Nossa Senhora, composta por São Bernardo de Claraval
“Ó
doce Virgem Maria, minha augusta soberana, minha amável Senhora,
minha Mãe amorosíssima, ó doce Virgem, eu coloquei em Vós toda minha
esperança e eu não serei confundido.
Doce
Virgem Maria, eu creio tão firmemente que do alto do Céu Vós velais
dia e noite sobre mim e sobre aqueles que esperam em Vós; eu estou tão
intimamente convencido de que jamais pode faltar nada quanto se espera
tudo de Vós, que resolvi viver daqui para o futuro sem nenhuma
apreensão, e me descarregar inteiramente sobre Vós em todas as minhas
iniqüidades.
Doce Virgem Maria Vós me estabelecestes na mais inabalável confiança.
Ó, mil vezes obrigado por uma graça tão preciosa. Eu ficarei daqui por diante em paz sob vosso coração tão puro.
Eu
não pensarei mais senão em Vos amar, em Vos obedecer, enquanto Vós
gerireis, Vós mesma, minha boa Mãe, os meus mais caros interesses.
Ó
doce Virgem Maria, que entre os filhos dos homens, uns esperem sua
felicidade de sua riqueza, outros a procurem em seus talentos; que
outros se apoiem sobre a inocência de sua vida ou sobre o rigor de sua
penitência, ou sobre o fervor de suas orações, ou sobre o grande número
de suas boas obras.
Por
mim, ó Mãe, eu esperarei só em Vós, só em Vós depois de Deus. E todo o
fundamento de minha esperança será minha confiança mesmo em vossa
bondade materna.
Doce
Virgem Maria, os maus poderão me roubar a reputação e o pouco de bem
que possuo. As doenças poderão me tirar as forças e a faculdade
exterior de vos servir. Eu poderei mesmo, infelizmente, minha terna Mãe,
perder vossas boas graças pelo pecado.
Mas
minha amorosa confiança em vossas maternais bondades, esta jamais eu
perderei. Eu a conservarei, essa confiança inabalável até o meu último
suspiro. Todos os esforços do inferno não ma roubarão.
Eu morrerei repetindo mil vezes vosso nome bendito e fazendo repousar sobre vosso Imaculado Coração toda a minha esperança.
E
porque estou eu tão firmemente seguro de esperar sempre em Vós, senão
é porque Vós me ensinastes, Vós mesma, ó doce Virgem, que Vós sois
toda misericórdia e que não sois senão misericórdia?
Eu
estou, portanto, seguro, ó boa e amorosa Mãe, eu estou seguro de que
Vos invocarei sempre e estou seguro de que Vós me consolareis.
Eu vos agradecerei sempre porque Vós sempre me aliviareis. Eu Vos servirei sempre porque Vós sempre me ajudareis.
Eu
vous amarei sempre porque Vós sempre me amareis. Eu obterei tudo de
Vós porque vosso amor, sempre generoso, irá além de minha esperança.
Sim,
é de Vós só, ó doce Virgem que, apesar de minhas faltas, eu espero e
espero o único bem que desejo, o meu Jesus, no tempo e na eternidade.
É
de Vós só, porque Vós é que meu Divino Salvador escolheu para me
dispensar todos os favores, para me conduzir seguramente até Ele.
Sim,
é de Vós Mãe, que depois de ter aprendido a participar das
humilhações e sofrimentos de vosso Divino Filho, me introduzireis na
glória e nas delícias, para O louvar e bendizer, junto a Vós e conVosco,
nos séculos dos séculos. Assim seja.
Eis a minha maior confiança e toda a razão da minha esperança. “Ecce mea maxima fiducia et tota ratio spei mei”
Festa de NSra do Rosário em Ibituruna

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Dona Rosária na festa de São Jorge |
À
noite a procissão de São Geraldo ganhou as ruas do setor Rosário e foi
celebrada a Santa Missa, com o tema: Maria, coração solidário e
servidor. Nas intenções da celebração, estava a recuperação de Dona
Rosária, a sempre zeladora da Igreja do Rosário e acolita mais idosa da
Paróquia e talvez da diocese. Dona Rosária fez questão de ajudar em
todas as missas da festa, ela com seu jeito doce, cativante e meigo está
perto de completar 84 anos, do qual 48 desses longos anos foram
dedicados ao cuidado e ao carinho com a Igreja de Nossa Senhora do
Rosário.
No
sábado, dedicado a São Benedito e Santa Efigênia teve como tema: Maria,
coração consolador dos aflitos e gerador da vida. Na missa foram
abençoados os papeis com pedidos e agradecimentos do povo. Logo após a
missa foi abençoada e queimada a fogueira de São Benedito.
No
domingo, dedicado a Nossa Senhora do Rosário, aconteceu de madrugada a
alvorada festiva pelo Terno de Moçambique Nossa Senhora do Rosário de
Ibituruna.
A noite a majestosa procissão de Nossa Senhora do Rosário ganhou as ruas do Rosário e também do setor São Gonçalo. Na chegada da Procissão foi celebrada a missa campal com o tema: Maria, coração proclamador da misericórdia. Em sua homilia padre Rogério contou a historia da Virgem do Rosário, de como é venerada desde meados do século XVI, e a devoção especial que os negros perpetuaram para as gerações. Padre Rogério rezou e agradeceu a todos pela disponibilidade, pelo carinho com os festejos e destacou a força e alegria dos Grupos de Congada e Moçambique da paróquia, que desde o levantamento dos mastros no começo de Junho vinham visitando os bairros e levando a flâmula para visitar as casas das famílias católicas.

A
comunidade de São Gonçalo do Amarante agradece a todos os visitantes,
devotos, paroquianos que moram em outras cidades, barraqueiros, a
prefeitura municipal e a todos que direta ou indiretamente contribuiriam
para que a festa acontecesse e pedimos por intercessão da Senhora do
Rosário, a Virgem das Vitórias que Deus abençoe e ilumine a todos em
suas caminhada!
Fotos: Brígida Siqueira, André Luiz e Bete Furtado
Texto: Luiz Guilherme Esteves
Para mais fotos, visite a nossa página no Facebook, Clicando aqui
CARRANCAS SE DESPEDE DOS SÍMBOLOS DA JMJ
Nos dias que a Cruz e o Icone estiveram naquela Paróquia foram intensas e
marcantes as celebrações e manifestações realizadas pelos jovens de
Carrancas e região, inclusive nas capelas, comunidades rurais e povoados
que fazem parte da Paróquia de NSra. da Conceição.

A comunidade que fica às Margens do Lago de Camargos e é um antigo povoado, daqueles que tem até um cemitério na porta da Igreja e faz parte do Trageto Original da Estrada Real.
Os jovens da Paróquia de Carrancas se mostraram muito animados durante a
visita dos símbolos, fizeram vigilia na Igreja Matriz e passaram a
noite rezando e Louvando a Deus.
Nos últimos dias, os Símbolos da JMJ/ Rio 2013, fez o percurso pela Paróquia de Carrancas, acompanhados pelos jovens.
Caminho percorrido pelos Símbolos da JMJ até recepção na Capela do Porto do Saco
Procissão e apresentação com participação dos jovens em homenagem aos Símbolos da JMJ
Passando por Estação de Carrancas e Traituba Símbolos da JMJ em Carrancas é uma realidade vivida pelos jovens. Em clima de festa, celebração e oração.
Missa no Cruzeiro da Ponte - Antiga localização de Ingaí
Praticamente 122 anos depois de o povo ter partido do Arraial da Ponte
em Agosto de 1890 para fundarem o novo povoado de Ingaí, mais distante
do rio e numa planicie de mais facil acesso, próximo à fazenda Aliança, a
nossa comunidade novamente se reuniu neste fim de semana e o Padre
Leandro celebrou uma missa aos pés do Cruzeiro da Ponte, em meio às
ruínas do Antigo arraial da Ponte.



Em agosto de 1890 aconteceu o famoso incidente, um sério desacordo entre os moradores do ainda povoado conhecido como Arraial da Ponte. Um grupo de 14 moradores liderados pelo capitão Francisco Pinto de Souza resolveram sair do Arraial da Ponte e foram instalar-se num novo local, conhecido como "Aliança".
Construíram uma igreja e as pessoas começaram a edificar suas casas, mais tarde a localidade ficou conhecido como Pinheirinho e a igreja matriz como Igreja Matriz de São Sebastião, pois a criação do povoado se concretizou no dia 20 de janeiro (dia do mártir São Sebastião).
Com o desenvolvimento do novo vilarejo, as famílias se mudaram do antigo Arraial da Ponte para o povoado de Pinheirinho que mais tarde pertenceria ao município de Itumirim."
GRANDE REPORTAGEM DO MÊS DE JULHO - SÃO RAFAEL
Quem acessa nosso blog e se atenta aos detalhes da página, certamente já notou no canto esquerdo da tela uma mensagem com os dizeres : "É sempre bom manter oculto os segredos de um rei, mas é necessário que se propaguem e sejam divulgadas as obras de Deus" Tb 12;7 , pois bem, esta foi a frase inspiradora para a criação deste trabalho de Comunicação social da nossa igreja, ela foi extraída do Livro de Tobias, da Biblía Católica(as traduções protestantes excluem este e outros livros das sagradas escrituras), é uma frase que foi dita Pelo Anjo Rafael, um dos sete Anjos que estão sempre na presença de Deus e um dos 3 arcanjos da Igreja Católica.São Rafael é o protetor do nosso blog.Confira a seguir uma interessante grande reportagem sobre São Rafael e toda a história de Tobias, lembrada por São João Bosco
A HISTÓRIA DE TOBIAS
O reino de Israel durou duzentos e
cinqüenta e quatro anos, e teve dezenove reis, todos ímpios.
Freqüentemente mandou-Ihes Deus profetas para admoestá-los e levá-los a
eles e a seus súditos à prática do verdadeiro culto, mas inutilmente. As
ameaças dos profetas foram desprezadas e os mesmos profetas foram
encarcerados, exilados ou mortos. Tantas iniqüidades esgotaram a
misericórdia do Senhor, que entregou o povo e o rei de Israel nas mãos
de seus inimigos. O último rei de Israel foi Oséias, sob cujo governo
teve fim aquele reino.
No princípio ele tentou libertar-se do
jugo dos Assírios de quem se tinha tornado tributário; mas, indignado,
Salmanassar, rei da Assíria, marchou com poderoso exército para expugnar
Samaria. Depois de três anos de cerco, apoderou-se da cidade, prendeu
Oséias e meteu-o a ferros. Depois de submeter todo o reino ao seu poder,
levou o rei e o povo para a Assíria e para a Média, donde não mais
voltaram.
Os Israelitas na Assiria
Os Israelitas padeceram na Assíria
duríssima escravidão; muitas vezes faltou-lhes um pedaço de pão para
matarem a fome e um trapo para se vestirem. Muitos foram assassinados e
seus cadáveres atirados fora dos muros da cidade para servirem de pasto
às aves de rapina e a outros animais ferozes, sem que se lhes pudesse
dar sepultura, sendo isto proibido por uma lei desumana. Assim aquele
povo, que fora surdo aos repetidos avisos dos profetas do Senhor, pagava
o duro preço de suas infidelidades.
Virtude de Tobias
Deus, que é sempre bom, mandou um
consolador aos pobres Israelitas. Foi o piedoso Tobias, homem educado no
santo temor de Deus, grandemente estimado pela sua piedade e paciência.
Levado ao cativeiro com os outros, à
vista de seus irmãos oprimidos, dedicou-se ao santo mister de consolar
os aflitos, de alimentar e vestir os necessitados e sepultar os mortos.
Quando sabia que um Israelita morto era atirado em qualquer canto,
deixava o que estava fazendo e 'aproveitava da escuridão da noite para
enterrá-lo.
O rei cruel, tendo notícia de
semelhantes fatos e de como Tobias dispensava seus bons ofícios aos seus
irmãos de exílio, mandou que fosse espoliado de todos os bens e
condenado à morte. Apesar disso, o Senhor conservou-lhe a vida: fugindo à
cólera do rei, ficou escondido por algumas pessoas piedosas, em
companhia de sua mulher e seu filho. Pouco depois, tendo sido
assassinado esse rei cruel, pôde Tobias continuar no desempenho de seu
piedoso mister. Um dia, tendo-se sentado à mesa para jantar, veio seu
filho adverti-lo de que haviam deixado na praça um cadáver. Levantou-se
imediatamente da mesa, foi buscar o cadáver e o ocultou em casa,
sepultando-o depois durante a noite, mostrando assim quanto era
constante e qual o seu ardor no exercício da caridade.
Paciência de Tobias
A virtude de Tobias foi experimentada
por Deus com grandes tribulações. Uma ocasião, após ter passado a noite
inteira a dar sepultura aos mortos, voltava para casa ao clarear do dia,
e prostrado de cansaço deitou-se perto de um muro sobre o qual havia um
ninho de andorinhas, e ali adormeceu. Durante o sono caiu-lhe nos olhos
um pouco de cisco quente do ninho daqueles passarinhos e ficou cego.
Nesse mísero estado, conservou-se sempre fiel ao Senhor. Nada temia
tanto como o pecado e até a sombra dele. Sua mulher que o sustentava com
o seu trabalho, levou para casa um dia um cabrito que lhe haviam dado
como paga. O cego, ouvindo-o berrar, disse: Vê lá que esse cabrito não
tenha sido roubado! Se o foi, mulher, volta imediatamente a restituí-lo
ao seu dono. Não devemos lançar mão da mínima coisa pertencente aos
outros.
Recomendações de Tobias
Oprimido por tantas desventuras, Tobias
pediu ao Senhor que o chamasse à outra vida. Supondo que Deus ouvira o
seu pedido, deu ao filho estas lembranças: Meu filho: recomendo-te que
respeites sempre tua mãe e nunca te esqueças do que ela sofreu por ti.
Não se apague ele tua mente a imagem de teu Deus e guarda-te do pecado e
de fazer algo contra os mandamentos divinos. Tem compaixão dos pobres e
Deus terá compaixão de ti. Faze esmola; se tiveres pouco, desse mesmo
pouco dá o que puderes, mas dá de boa vontade. A esmola apaga os
pecados, faz achar misericórdia diante de Deus e conduz à vida eterna.
Nas dúvidas, aconselha-te com homens prudentes, mas não te associes
nunca aos perversos. Foge da soberba e preserva-te da impureza.
O filho, todo comovido, respondeu-lhe: Meu pai, farei tudo quanto me disseste. E manteve fielmente a sua promessa.
Tobias manda seu filho a Rages
O bom Tobias não morreu então, como
supunha. O Senhor conservou-lhe a vida para fazê-lo gozar inefáveis,
consolações, por meio de seu filho chamado também Tobias. Um dia disse o
velho a seu filho: Tobias, emprestei dez talentos de prata a Gabel, que
reside em Rages, cidade da Média. Eis o documento relativo.
Apresentando-lho, ele te restituirá logo o dinheiro. Mas como tu não
sabes o caminho, vai procurar algum amigo fiel que te possa guiar. O
filho obediente saiu de casa e encontrou um jovem prestes a empreender
uma viagem. Ignorando que o desconhecido fosse um anjo de Deus,
disse-lhe delicadamente: Bom jovem, quem és tu? Conheces a estrada que
conduz à Média? E o jovem respondeu: Eu sou Israelita e conheço bem o
caminho de que falas, pois morei muito tempo em Rages, na casa de Gabel.
Tobias, com o consentimento do pai, partiu com o anjo Rafael, que
disfarçado sob aparência humana e sem dar-se a conhecer, prontificou-se a
acompanhá-lo.
Chegando à margem do Tigre, um peixe
monstruoso atacou o jovem Tobias, e já parecia que ia devorá-lo, quando o
Arcanjo lhe disse que não temesse e que segurasse o peixe, o matasse e
lhe tirasse o fígado, com o qual faria um remédio para curar o pai.
Uma viagem iniciada sob tão bons
auspícios não podia terminar senão próspera e feliz. E de fato, o anjo
não só fez com que Tobias recebesse o dinheiro que fora buscar, como
também procurou, e conseguiu que o mesmo desposasse uma rica e
virtuosíssima donzela de nome Sara, filha única de Raguel.
Volta do filho. Cura e santa morte do pai
Entretanto, Tobias e sua mulher
esperavam ansiosos pela demora. Muitas vezes a mãe, do alto de um monte,
procurava impaciente ver se o descobriria ao longe. Por muitos dias foi
vã a sua expectativa. Finalmente avistou-o um dia e satisfeitíssima,
correu a dar a
boa nova ao marido. O velho Tobias, apesar de cego, quis ir ao encontro
do amado filho. Os pais o abraçaram com ternura. Isto era apenas o
início das grandes consolações que ao velho Tobias queria a bondade
divina conceder.
O jovem Tobias unge os olhos do pai com o
fel do peixe, e o velho imediatamente recupera a vista, e pode ver, não
somente o filho amado, mas ainda observa a esposa, admira suas
singulares qualidades e as grandes riquezas que trouxera consigo.
Espalhada a noticia da volta do filho de Tobias e de como o bom pai
tinha sido curado, seus parentes se reuniram para dar graças ao Senhor e
festejar o acontecimento. Em presença de todas essas pessoas, enumerou o
filho os solenes benefícios que havia recebido do companheiro de
viagem, que ainda julgava ser um homem. Querendo de alguma maneira
recompensá-lo, pediram-lhe quisesse aceitar metade das riquezas que
havia trazido. O anjo então deu-se a conhecer e disse ao velho: Agora é
tempo de eu manifestar a verdade. Quando sepultavas os mortos e te
ocupavas em obras pias ou em fervorosas orações, eu oferecia tudo ao
Senhor. E porque êle te amava, quis que a cegueira aumentasse teu
merecimento; depois mandou-me Deus a mim para curar-te e trazer-te todos
estes bens. Pois que eu sou o anjo Rafael, um dos sete espíritos que
estamos continuamente na presença de Deus. Louvai, pois, ao Senhor e
contai a todos as suas maravilhas. Dito isto, desapareceu. Eles ficaram
por três horas prostrados no chão bendizendo o nome de Deus.
Tobias viveu ainda quarenta e dois anos;
sentindo, depois, que se avizinhava a hora de sua morte, chamou o filho
e recomendou-lhe que se mantivesse fiel e constante no santo serviço de
Deus. Depois serenamente expirou, na paz do Senhor, com cento e dois
anos de idade.
O filho atingiu a idade de noventa e
nove anos. Ele, seus filhos e netos imitaram as virtudes paternas; por
isso foram sempre benquistos dos homens e abençoados por Deus.
FONTE:
texto extraído de História Sagrada, de São João Bosco (Livraria
Salesiana Editora, São Paulo, 1944, 8 ed), com adequação
redacional-ortográfica.
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